Lesões, time desgastado no segundo tempo e falta de resultados positivos. Os últimos cinco jogos do Guarani na Série B lucidaram uma situação crítica no clube: a falta de estrutura. De acordo com levantamento realizado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), o Bugre está longe de concorrer com os principais times da Série A e B em relação a centro de treinamento, departamento de fisiologia, fisioterapia e outros requisitos importantes para a disputa de uma competição com 38 rodadas com duração de oito meses.
No ranking da Série B, o Bugre aparece entre as últimas colocações. Sua estrutura só é superior ao Boa Esporte e Santa Cruz (CT em obras) e está longe de alcançar Ceará, Londrina e Internacional, que no mês crítico das lesões no futebol brasileiro, começaram a subir de crescimento na competição. Vale lembrar que o período de arranque do Guarani na Série B se deu após uma pausa forçada de mais de um mês pela eliminação na Série A2. Mas, depois de dois meses, a equipe perdeu atletas com lesões musculares como Rafael Silva, Eron, Ewerton Páscoa e Willian Rocha, além de Gilton, Eliandro, Gabriel Leite e outros que já passaram pela situação.
Diante de um elenco tecnicamente limitado, a força da equipe no início da competição estava no poder físico, o que não é mais notado nos jogos recentes. Nas últimas derrotas, diante de Londrina e Luverdense, ficou claro que o ritmo caiu e o atletas não mantiveram a velocidade no contra-ataque ou até mesmo na cobertura defensiva. A reportagem do Só Dérbi ouviu uma fonte interna no clube que defendeu o preparador físico Fabinho. Para ele, a culpa não é do profissional que não tem equipamentos para melhorar e adequar o condicionamento do elenco. Até 2014, estes equipamentos era oferecido por profissionais terceirizados.
FALTA DE EQUIPAMENTOS
O primeiro equipamento seria uma aparelhagem chamada isocinética utilizada para verificar se a musculatura dos atletas encontra-se equilibrada após cirurgias complexas. Para evitar contratempos, o procedimento usual nas equipes brasileiras é utilizar rotineiramente para constatar algum desequilíbrio e automaticamente o risco de contusão. Outro equipamento em falta e que já estava na programação da diretoria do futebol para aquisição tem a meta de colher o sangue do atleta e detectar dados que sinalizem a perda de algum jogador por desgaste ou lesão. Detalhe: o Guarani já teve só nesta década os presidentes Leonel Martins de Oliveira, Marcelo Mingone, Álvaro Negrão e Horley Senna. Nenhum deles planejou verbas ou parcerias para viabilizar estes e outros equipamentos essenciais para a comissão técnica e departamentos de fisiologia e fisioterapia.
CENTRO DE TREINAMENTO?
Pode-se afirmar que o Guarani é um dos poucos times das primeiras divisões do futebol brasileiro que se utiliza do próprio estádio como centro de treinamento. As atividades às vésperas dos jogos são realizadas no Brinco de Ouro. Recentemente, para preservar o gramado na Série B, a equipe se deslocou para clubes da região como GRENASA ou Sesi, mas que também não disponibilizam condições adequadas de trabalhos físicos. Na Série B, além do time bugrino e do Brasil de Pelotas, o Oeste também utiliza a Arena Barueri para jogar e treinar (alugado).
RANKING DOS CTs NA SÉRIE B
A pesquisa da UFV classificou os melhores centros de treinamento da Série B com base na quantidade de campos, academias, equipamentos, preparadores físicos, fisioterapeutas e equipe de análise de desempenho. O Internacional, clube mais rico da competição, é o único com cinco estrelas. O líder América-MG também aparece como uma das melhores estruturas. Confira a lista.
1 – Internacional (CT Parque do Gigante) – 5 estrelas
2 – Figueirense (CFT do Figueirense) – 4,4 estrelas
3 – Londrina (SM Sports) – 4,4 estrelas
4 – Ceará (Cidade do Vozão) – 4,3 estrelas
5 – Criciúma (CT do Tigre) – 4,2 estrelas
6 – Goiás (CT Edmo Pinheiro) – 4,1 estrelas
7 – América-MG (CT Lanna Drumond) – 4,1 estrelas
8 – ABC (CT Alberi Ferreira de Matos/CTFIS) – 4 estrelas
9- Vila Nova (Toca do Tigrão) – 3,9 estrelas
10 – CRB (CT Ninho do Galo) – 3,7 estrelas
11 – Paraná Clube (CT Ninho da Gralha) – 3,6 estrelas
12 – Náutico (CT Wilson Campos) – 3,6 estrelas
13 – Paysandu (CT do Papão) – 3,5 estrelas
14 – Luverdense (CT do Luverdense) – 3,4 estrelas
15 – Juventude (CFAC) – 3,3 estrelas
16 -Oeste (Arena Barueri) – 3,1 estrelas
17 – Brasil de Pelotas (Bento Freitas) – 3 estrelas
18 – Guarani (CT da Av. Guarani e Brinco de Ouro) – 3 estrelas
19 – Boa Esporte (CT de Varginha) – 2,8 estrelas
20 – Santa Cruz (Estádio Grito da República) – 2 estrelas
(texto e reportagem: Júlio Nascimento)