Eu lido com fatos. Somente com eles. Sua excelência. Autoridade inquestionável. Vou citar alguns deles para comprovar algo que você torcedor de futebol campineiro, já deve saber há tempos: o Guarani está uma bagunça. Ampla, total e irrestrita. A presença na zona do rebaixamento é apenas um sintoma deste estado calamitoso que reina no estádio Brinco de Ouro.
Responsáveis?
Não precisamos gastar latim para chegarmos a conclusão de que o presidente Ricardo Moisés, os integrantes do Conselho de Administração e do Conselho Deliberativo tem as digitais impregnadas em um espiral de incompetência.
E detalhe: não adianta e nem resolve alardear que a estrutura melhorou, que as condições de trabalho são melhores…Sem competência, não há piso luxuoso que dê jeito. É como comprar um carro de luxo para alguém que nunca pegou no volante.
A bagunça do Guarani é um quebra cabeça cuja as peças vão se montando rodada após rodada. O começo foi no início do ano quando o futebol bugrino demorou uma eternidade para definir o seu armador para a temporada, Giovanni Augusto. Acreditou no conto de fadas de Régis e Andrigo. Típica postura de alguém que não tem rumo. A sorte do Guarani é que nesta rebarba de mercado ainda pegou alguém qualificado como Giovanni Augusto. Poderia ser pior? Poderia. Mas não foi. Fato.
O segundo sinal de que o clube estava uma nau a deriva ocorreu no Recife, no empate com o Náutico. Até hoje as versões são desencontradas sobre o que aconteceu no vestiário. Alguns afirmam que foi briga. Outra cravam que foi discussão acalorada. Fato é que logo depois Daniel Paulista foi demitido. Ou seja, um trabalho de um ano foi jogado no lixo em virtude de um episódio que até hoje não foi esclarecido.
Mas não parou por aí. Na antevéspera do jogo contra o Ituano, o presidente do Clube, Ricardo Moisés foi ao vestiário e falou de maneira forte com os jogadores. Coincidência ou não, o time fez a sua pior partida na Série B. Qualquer um que saiba de futebol minimamente aconselha que qualquer bronca mais forte deve ser efetuada após os jogos e nunca com antecedência. Vexame sem precedentes. E mais um sinal de um clube sem rumo.
O jogo contra o Grêmio e a derrota por 2 a 1 foi um reforço do estado de caos. Não pela derrota em si, mas dois fatos. O primeiro foi a entrevista dada pelo Leandro Vilela ao Premiere, em que praticamente joga a toalha nas entrelinhas e conforma-se com o rebaixamento. Para completar, após receber cobranças da torcida, o goleiro Mauricio Kozslink afirmou que as arquibancadas não deveriam se preocupar pois se ele estivesse atrapalhando ele iria embora. Pare, pense e reflita: você acha que um clube com norte, direção, planejamento e com determinação de buscar os seus objetivos deixariam seus atletas tão fragilizados e expostos? O goleiro bugrino não é o vilão e sim vitima de uma infra-estrutura que não protege e resguarda os seus funcionários.
Falta de direção agora reforçada com a anulação da contratação do goleiro Diego Loureiro. De acordo com o assessoria do atleta, eles combinaram receber X do clube campineiro e quando foi para a assinatura do contrato, o valor era Y. Com mercado e propostas, o arqueiro fez o que se esperava: foi embora. Fica a pergunta: quem vai ressarcir a torcida do Guarani pelo tamanho vexame? Quem virá a público pedir desculpas? Pois é.
Ninguém aqui quer vaticinar que as contratações darão errado. Richard Rios, Isaac, Mayk, Ivan Alvarino, Yuri, Jenison e Jameson são tentativas que beiram ao desespero de buscar o conserto de um planejamento feito em janeiro por Michel Alves, então manda chuva do futebol, que foi totalmente errático e falho. E tudo com o respaldo com do presidente Ricardo Moisés.
Mas sem disciplina, profissionalismo, ordem, transparência e relação saudável entre diretoria e vestiário será praticamente impossivel sair do atoleiro da zona do rebaixamento.
Os fatos descritos acima desmonstram por A mais B que o principal adversário do Guarani para fugir da terceirona nacional não são os 19 adversários presentes na classificação. O principal oponente é o próprio Guarani. E por causa dos desencontros dos dirigentes vencer este jogo parece cada vez mais dificil.
(Elias Aredes Junior com foto de Marlon Costa-Especial para o Guarani F.C)