Gabigol + De Arrascaeta=orçamento de futebol de Ponte Preta ou Guarani em 2019. Isso é normal?

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O Flamengo sacudiu as estruturas do futebol com as contratações do centroavante Gabigol e do armador De Arrascaeta. Aquisições bombásticas. Deixam o rubro negro em novo patamar, talvez no mesmo nível do multimilionário Palmeiras. Algo precisa ser analisado. Não pode passar batido. Juntos, os dois receberão a quantia de R$ 2,5 milhões mensais. Sim, há condição de pagamento. O rubro negro carioca fez a lição de casa nos últimos seis anos e colocou as finanças em dia. De quebra construiu um Centro de Treinamento de Primeiro Mundo. Agora, não há como negar a disparidade econômica e que neste caso engloba tanto Ponte Preta como Guarani e todos os integrantes da Série B do Brasileirão.

A conta é simples: o que o Flamengo vai gastar com os dois jogadores em um ano equivale a toda a folha de pagamento tanto de bugrinos como de pontepretanos em 12 meses, além de gastos com logística e infraestrutura. Um acinte. Disparidade.

Qual o efeito prático? Se continuar neste ritmo, conquistar o acesso não será motivo de celebração e sim de desespero em virtude dos cofres abarrotados dos gigantes ou até de clubes médios como Atlético Paranaense.

O que fazer? O quadro parece dramático, mas dá para amenizar. Os dirigentes e integrantes da Série B precisam definir uma pauta comum para encurtar esse distanciamento. Ideias? Um bom começo seria que os quatro primeiros colocados da Série B tivessem direito a prêmios polpudos em dinheiro. Talvez equivalente a uma cota de televisão ou metade do valor. Por que? Na reentrada na elite, a agremiação teria mais recursos para contratar atletas com perfil para realizar uma campanha decente e com atletas qualificados. E a CBF não venha com a desculpa de que não há dinheiro. Tem. Ou a premiação da Copa do Brasil veio de Marte?

Lutar pela mudança efetiva na distribuição das cotas é essencial. A distribuição na divisão de elite é cruel. Pense que os clubes grandes já têm direito às publicidades na camisa e uma bilheteria gorda. Com Justiça. Adotar o sistema inglês (50% igual para todos mais 25% de critério técnico e outros 25% de audiência) atenuaria o quadro.

O motivo é para iniciar um trabalho de formação no torcedor brasileiro de que o foco deve ser a valorização do campeonato e não de um ou outro time. Lógico, os mais populares devem e podem receber recursos maiores, mas os médios e pequenos não podem ficar à deriva. Precisam ser competitivos. NBA, NFL e NHL são ligas fortíssimas nos Estados Unidos e o segredo básico é que ali todos ganham uma chance de médio e longo de se fortalecerem. E o torcedor gosta do seu time, mas antes de tudo, tem veneração pelo campeonato.

Não aceito que Ponte Preta e Guarani fiquem conformados em estarem na prateleira menor do futebol nacional. Se nada for feito, a desigualdade de renda poderá produzir estragos nos clubes médios e pequenos. É preciso agir agora. Antes que seja tarde demais.

(análise feita por Elias Aredes Junior)