Giba, o herói (quase) anônimo que lutou pela dignidade do Guarani

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Alguns heróis não constroem legados vistosos. São reconhecidos pelo caráter, coragem, postura, dedicação e pela alma limpa e serena. Campeões são fáceis de reconhecer. Duro é constatar quem segura pilares prestes a desabar. Tal cenário pode ser encaixado em Giba, o ex-lateral-direito do Guarani e Corinthians, cujo falecimento completa dois anos nesta sexta-feira, dia 24 de junho.

Como treinador, Giba tem duas passagens no Guarani. A primeira em 2003 teve 10 partidas, com cinco vitórias, dois empates e três derrotas e com aproveitamento de 56,7% dos pontos disputados. Foi na segunda passagem que Giba ficou marcado na história do Guarani. A performance nem é vistosa, com 13 vitórias, quatro empates e 13 derrotas e aproveitamento de 50%.

Mas ao lado do preparador físico Walter Grassmann, Giba fez a diferença nos bastidores.. Ele assumiu no início da Série B e apesar do acesso recém-conquistado no Paulistão, o Alviverde convivia com atraso nos salários. Perdia jogadores quase todos os dias e em qualquer situação o motim nos vestiários seria natural.

Para piorar a situação, quando Giba sentou no banco de reservas, o Guarani era o 13º colocado com 9 pontos e dois pontos a frente do Grêmio Barueri, que abria a zona do rebaixamento. Não havia espaço para erros. Pois o treinador superou os sete meses de salários atrasados, a falta de estrutura e apoio da diretoria bugrina e aglutinou os jogadores para atuarem por senso profissional e amor à camisa. Saldo: terminou na 12ª posição com 52 pontos e cinco pontos à frente do primeiro rebaixado, o Icasa (CE).

Para se ter uma ideia do seu feito, basta dizer que nos outros anos, o atraso de salários ou produziu rebaixamentos (2012 na Série B do Brasileiro e 2013 no Paulistão) ou bloquearam o Guarani de sonhar com a promoção a uma divisão superior, seja em âmbito regional ou nacional.

Inegável que Carlos Alberto Silva está na história do Guarani pelo título de 1978. Zé Duarte está eternizado pela conquista da Taça de Prata de 1981 e pelo terceiro lugar no Brasileirão de 1982. Ou é impossível deixar de reconhecer Carlos Gainete pelo vice-campeonato brasileiro de 1986 e Carbone pelo segundo lugar no Paulistão de 1988. Todos estes nomes podem e devem ser homenageados pela torcida bugrina.

Mas Giba merece um lugar especial. Por ter dado tudo e ter recebido muito pouco em troca de algo que não tem valor, preço ou tamanho: a dignidade do Guarani Futebol Clube.

(análise feita por Elias Aredes Junior)