Após meses e meses sem ligar para temas de conotação social, o Conselho de Administração do Guarani e o seu departamento de comunicação merecem cumprimentos para terem saído da letargia e se posicionado contrariamente a sentença que absolveu um empresário de uma acusação de estupro contra Mariana Ferrer.
Um consolo se levarmos em conta o desprezo solene realizado pelo próprio Guarani no ano passado em relação ao dia da Consciência Negra e outras datas relevantes.
É um passo inicial. É pouco. Quase nada. A instituição deveria utilizar este procedimento como um começo não só para combate a cultura de estupro na sociedade e dentro das torcidas como a ampliação do espaço da mulher nas instâncias de poder.
Nunca é demais lembrar: as ultimas duas formações do Conselho de Administração não continham uma mulher sequer. No total, em suas instâncias de poder, o Guarani dispõe de sete vagas no Conselho de Administração, 80 cadeiras no Conselho Deliberativo e cinco assentos no Conselho Fiscal. Dessas 92 vagas, apenas cinco são ocupadas por mulheres, o que totaliza 5,43% do total.
O percentual fica aquém até daquilo que se verifica no Congresso Nacional, em que as 77 deputadas e 12 senadoras representam 15%. O que dizer então do futebol feminino que há cinco anos estão desativado e não há qualquer perspectiva de retomada. Ou seja, não há correspondência entre o discurso e a prática.
Apesar de existirem “N” exemplos de torcedoras valorosas, como a do “Bugrinas em Ação”, que tem uma série de ações sociais. Falar em mulher na presidência parece um assunto tabu. Absurdo.
Lutar contra a cultura do estupro é urgente é necessária. Mas igualdade é bom e toda mulher reivindica, quer e gosta. Com razão.
(Elias Aredes Junior)