Guarani: hora de esquecer a calculadora e tratar a Série C como um mata-mata

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A boa largada do Guarani na Série C do Campeonato Brasileiro injetou otimismo em jogadores, torcida, comissão técnica e dirigentes. Em 180 minutos, a equipe exibiu uma filosofia de jogo consolidada e não deu brechas para surpresas contra o Guaratinguetá e soube sair de um quadro adverso contra o Tombense.

Se vencer o Juventude no próximo sábado, o Alviverde confirmará o melhor início de Série C desde que passou a participar do certame em 2013.

Mas o otimismo revela armadilhas. Uma delas é estipular patamares matemáticos para chegar a tão sonhada vaga. “A matemática que faço para avançar é de 30 pontos. Vamos ter mais um jogo fora agora (contra o Juventude) e depois uma sequência em casa, com uma condição boa de pontuar. Mas eu falo para os jogadores que não adianta pensar lá na frente sem viver o jogo de hoje. Temos de ter uma tremenda obsessão de vencer o jogo durante os 90 minutos”, explicou o técnico Marcelo Chamusca após o jogo de sábado.

Sorte para o Guarani que o treinador é consciente. Não é hora de fixar-se em pontuação. Até para não sofrer decepções.

Em 2013, por exemplo, o time terminou na liderança do Grupo B no turno inicial com 18 pontos. No segundo turno, a equipe virou de ponta a cabeça e mesmo com as mudanças e alternativas buscadas por Tarcísio Pugliese não passou dos 24 pontos.

Nos dois anos posteriores, a fissura pela matemática foi tamanha que o time empacou no gramado e passou as últimas rodadas com a calculadora na mão. Em 2015, por exemplo, após a 15ª rodada, o Guarani tinha 19 pontos, encontrava-se na oitava posição e estava mais preocupado com o rebaixamento do que com a passagem a fase seguinte. Somou cinco pontos dos nove que disputou na reta final e terminou na sétima posição.

No ano seguinte, após 15 rodadas, o Guarani tinha 20 pontos. Somou nove pontos nos três jogos finais e amargou a frustração de ficar fora da zona de classificação pelo saldo de gols e foi superado pelo Brasil de Pelotas, hoje na Série B.

Nas três campanhas, um fator em comum: o Guarani pensou demais na matemática enquanto os oponentes comiam pelas beiradas. Chamusca tem razão: a saída é tratar a Série C como um mata mata. Pensar jogo a jogo, esquecer a calculadora e focar apenas em balançar as redes. O fruto certamente virá.

(análise feita por Elias Aredes Junior)