O narrador William Mota saiu de Caxias do Sul para fazer o seu trabalho. Relatar a partida final da Série B do Campeonato Brasileiro entre Guarani e Juventude. Aos 29 minutos do primeiro tempo, ele comunicou toda sua emoção a torcida gaúcha ao narrar o gol de Renato Cajá.
Durante o relato pela alegria do gol, o locutor mencionou a questão de que o CSA teria enviado determinada quantia em dinheiro para motivar o Alviverde campineiro. A famosa Mala branca, uma lenda presente no futebol.
Imediatamente, a sua cabine foi invadida por dirigentes que, segundo sua versão, destruíram os equipamentos de trabalho em retaliação a sua declaração. Após o jogo, o Guarani emitiu uma nota com criticas contundentes ao locutor e sua conduta no momento do gol Juventude. Só que o mesmo texto não traz nenhuma palavra sobre aquilo que foi feito por pessoas ligadas ao clube contra o profissional. E nem adianta negar. O gesto violento foi exibido por intermédio da televisão para todo mundo ver.
Uma expressão deve ser dita: não justifica. Qualquer ato de violência e agressão tem que ser repudiado de modo veemente. O Guarani não pode ser reconhecido por uma instituição que utiliza a violência e a agressão física como forma de revidar atos do outro lado.
Em um mundo normal, qual deveria ser o procedimento? Ora, que os dirigentes, de modo educado e solicito, conversassem com o locutor no intervalo e pedissem um direito de resposta. Requisitassem uma declaração para desmentir aquela informação. E que se provas não fossem apresentadas, o Guarani buscaria seus direitos. Simples, direto e civilizado.
Para quem considera ausência de consequências pelo ato impensado, uma aviso: as imagens rodaram o Brasil, foi tema de debates e em todos os casos o Guarani foi criticado. O que ganha a instituição com tal exposição? Você pode alegar: ah, mas o locutor estava errado. Eu retruco: diga-me um acontecimento na vida social em um estado democrático que a violência seja justificada. E mais: ele estava lá e fazia seu trabalho. Autorizado pela CBF.
O tempo dirá o básico: que esses dirigentes marcaram um gol contra o Guarani e aqueles que desejam um ambiente civilizado no futebol brasileiro.
(Elias Aredes Junior)