Guarani, público no Dérbi e um afastamento que pode virar uma onda perigosa

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Em algumas oportunidades, os protestos são silenciosos. Não há agitação, comoção ou gritaria. As pessoas simplesmente se afastam. No futebol isso é muito comum, especialmente nas fases ruins. Faço tal introdução para comentar sobre o público de 6544 torcedores bugrinos no Dérbi 203 e que terminou empatado por 0 a 0.

Alguns podem alegar que este é o maior público na temporada. Verdade. Só que não há como esconder o fato que está tudo nivelado por baixo. Antes do confronto com a Ponte Preta, o público registrado na partida contra o Criciuma foi de 2.221 pagantes. Pouco. Realmente pouco. Contra o Sport, 3213 torcedores passaram pelas catracas do Brinco de Ouro. Não é algo novo.

No ano passado, no primeiro jogo liberado, com portões abertos, apenas 1307 pessoas pagaram para presenciar a vitória do Guarani sobre o Londrina por 3 a 0. No jogo seguinte, na derrota para o Confiança, por 2 a 0, o borderô registrou 1917 torcedores. Quase nada.

Ponto fora da curva em 2021 foram os jogos contra o Avaí e Goiás.

No primeiro confronto, vencido pelo Alviverde por 4 a 0, o público foi de 7487 pessoas presentes. Na decisão para vaga no G4, contra o Goiás, a derrota por 2 a 0 foi presenciada por 16.584 torcedores. Se juntar os públicos dos três primeiros jogos na Série B deste ano (11.978 torcedores) chega apenas a 72,2% do publico registrado naquele jogo da penúltima rodada. Era decisivo? Concordo. Tinha apelo? É verdade. Mas não dá considerar natural este esvaziamento do Brinco de Ouro.

Por que tal problema acontece? Existem dois problemas. O primeiro de natureza econômica. Salário achatado, desemprego e um programa de sócio torcedor que não consegue fidelizar sequer o bugrino de classe média. Tudo verdade.

Mas também ao que me referi no inicio do texto. Muitos torcedores bugrinos fazem um protesto silencioso. De modo sorrateiro, decidiram se retirar das arquibancadas. E o motivo não é apenas por causa da qualidade do time que deixa a desejar. Ora, o Guarani teve outros times limitados e nunca se viu este abandonado lento, gradual e progressivo.

Qual o motivo? A verdade é que torcedor bugrino está cansado. Cansado de ver que sua voz não é ouvido. Cansado de conviver com dirigentes que não lhe escutam. Esgotado por falta de comunicação e de esclarecimento nos momentos agudos e tensos. Então, prefere ficar em casa assistir ao pay per view do que se sentir desprezado. O dérbi é um sintoma do quadro.

Pode estar errado? Posso. Ninguém é infalível. Mas este esvaziamento e desinteresse. Especialmente para uma instituição que é uma Associação sem fins lucrativos. E até para quem deseja transformar o Clube em SAF. Ou alguém quer comprar um time que não gera paixão e interesse? É preciso discutir esse assunto. Urgente. Antes que não tenha volta.

(Elias Aredes Junior-foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)