Bons entrevistados são capazes de emitirem seus recados sem ferir suscetibilidades e de quebra sustentar a credibilidade conquistada. As declarações de Jorginho na última sexta-feira deveriam servir nunca para estabelecer expectativas para a final do Torneio do Interior e sim como alicerce de reflexão para o futuro da Ponte Preta.
Dizer que existe uma tabelinha com a diretoria é ótimo sinal e demonstra sintonia com os gabinetes, mas quando evoca a necessidade de criatividade e dos parcos recursos, o recado é claro: a Macaca está sem potencial financeiro para ser comparado com concorrentes do porte de Sport, Vitória e Coritiba.
Terá que montar uma equipe sem erros ou gordura desnecessária. Mais: quem está mal terá que de um jeito ou de outro jogar um futebol adequado as necessidades da série B do Campeonato Brasileiro. Dou um exemplo: Hugo Cabral ainda não é aceito pela torcida. Mas jamais é o caso de dispensá-lo e sim de insistir com ele até que ele produza o necessário.
Rafael Longuine enquadra-se no cenário. Quando Jorginho defende o atleta não é apenas por uma questão de caráter e sim por entender que as opções ofensivas no futebol brasileiro são escassas. Resumo: é preciso esperar a recuperação do atleta e torcer por sua excelência.
Quando afirma que a saída do goleiro Ivan pode estar próximo, Jorginho, de modo elegante e delicado vai no que é essencial: a Alvinegra tem recursos escassos. Como não tem mais a ajuda financeira externa, o jeito é apelar para a criatividade. Sim, vender atletas por enquanto é uma saída viável, desde que a reposição seja executada de modo acertado.
Como Ygor Vinhas teve boa produtividade no Torneio do Interior, a estrada fica aberta. Lógico, o ideal e desejável seria ficar com os dois. Mas como Jorginho escancarado, a Alvinegra tem duas prioridades até novembro: subir à divisão de elite e sobreviver financeiramente e sem depender de ninguém.
Que a torcida e os dirigentes tenham a mesma percepção do técnico pontepretano.
(análise feita por Elias Aredes Junior)
Elias,
Pergunto pra que subir de divisão nesse momento? Pra ficar 38 rodadas lutando apenas pra não cair? Que graça tem disputar uma série b dentro da Série A sabendo que nunca vai ter chance de título? O orçamento dos 12 maiores clubes é 100 vezes maior que os 8 demais clubes, não dá pra competir. Melhor fazer uma Série B razoável do que subir num ano e cair em outro.