O Guarani joga contra o Gremio a partir das 16h30, na Arena em Porto Alegre. E após o jogo, não tem jeito. Apenas um lado terá razão: ou o centroavante Lucão do Break ou o vice-presidente de futebol do Grêmio, Denis Abrahão, que após o revés diante da Chapecoense, na sexta feira, fez uma declaração jocosa a respeito do alviverde campineiro.
O dirigente sabe: somente uma vitória vai livrar a sua cara. Empate ou derrota darão argumentos ao atual atacante bugrino, que assumiu o papel de embaixador informal do Guarani nas redes sociais.
Tal conjuntura não pode fazer o torcedor deixar de refletir este acontecimento. Compreendo o sentimento e a decepção com a declaração jocosa. O Guarani tem uma trajetória ímpar no futebol brasileiro.
Sem o respaldo de mecenas ou investidores o clube foi campeão brasileiro de 1978, vencedor da Taça de Prata de 1981, foi vice-campeão brasileiro em 1986 e 1987 e campeão da Série A-2 de 2018. Um currículo e tanto.
Sejamos sinceros: antigamente o Guarani não colaborou para que o dirigente gremista fizesse uma declaração tão infeliz?
Não dá para colocar embaixo do tapete. O Guarani campeão também amargou 10 rebaixamentos desde 2001, não joga a primeira divisão nacional desde 2010 e teve um rebaixamento substancial em sua infraestrutura.
Fruto de gestões incompetentes, ausência de fiscalização. Evidente que isso gerou uma imagem negativa no mundo do futebol. Ou vocês não acham que o dirigente gremista uma hora ou outra não tomou conhecimento da montanha de ações trabalhistas, das dividas tributárias e das idas e vindas para vender o Brinco de Ouro e começar a construir uma vida mais digna e com patamares mais modestos? Pois é.
Concordo, não justifica a declaração de alguém que representa uma instituição do porte do Grêmio. Neste contexto, Lucão do Break de certa forma exerce o papel que deveria ser exercido pelos dirigentes bugrinos. Perceba: desde sexta-feira, ninguém do Conselho de Administração não comentou sobre o episódio e Daniel Paulista, em entrevista a Rádio Gaúcha esquivou-se do assunto.
Este episódio foi especial para demonstrar que o processo de reconstrução do Guarani ainda está longe de terminar. Construir e erguer estruturas sólidas demanda tempo, dinheiro, paciência e participação de todos.
Para destruir, basta um punhado de incompetentes. E o Guarani sente isso na pele.