Crise eterna no Guarani. Parecia sem fim. Em determinado dia e horário, um grupo politico tomaria posse da diretoria executiva. Postado no canto do salão nobre, um homem branco, com camisa do Guarani sorria de modo constante. Seu nome: Antônio Oliveira, comerciante e assassinado nesta quinta-feira à tarde em Campinas. Uma perda para Campinas, sua família e ao Guarani, carente de figuras ímpares.
Tragédia. Não só pelo assassinato de um ser humano, mas pela perda de uma figura inigualável. Peço desculpas pelo tom confessional, mas é impossível fugir do modelo. Desde que estou na Rádio Central, em fevereiro de 2012, o seu restaurante foi um dos patrocinadores em boa parte do período.
Nunca estabeleceu uma relação de cliente e consumidor e sim de proximidade, amizade mesmo. Voltava ao estabelecimento com minha esposa ou amigos e perdi a conta das vezes que após a refeição conversava com ele por minutos ou até por horas e horas. Assunto: o Guarani e seu sofrimento pela fase vivida no gramado.
Chegou a presidente do Conselho Deliberativo do clube do coração. Como repórter do jornal Tododia marquei entrevista com ele para saber de seus planos e intenções em relação aos conflitos políticos.
Apareci em um dia de semana. No horário comercial.
Em duas horas de conversa no escritório, Toninho não criticou ninguém. Não atacou qualquer pessoa. Apenas falou do Guarani. Do seu Guarani. Buscava o bem comum. Sonhava com a união de todas as alas e volta da paz.
Queria o retorno do Alviverde que lhe fez comemorar o título de 1978, o quarto lugar da Libertadores de 1979, o terceiro lugar do Brasileirão de 1982…Um Guarani gigante, vencedor.
Toninho era empresário e pai de família. O empresário que dava emprego para centenas de pessoas e discutia política em alto nível. Tínhamos visões diferentes, mas sempre nos respeitamos.
Um respeito que exibia pela sua família e fé Cristã. Falava com orgulho de sua presença na Igreja Luterana e sua fé inabalável em Jesus Cristo. Eu, como desigrejado recebia seus conselhos para voltar a frequentar uma igreja. Não queria uma benção para si. Queria todos com a sensação de estar integrado a uma comunidade, de sentir o plano de Deus na totalidade.
Há muito tempo não conversava com Toninho Oliveira. Da última vez, com bom humor, ele pegava no meu pé pelos seguidos pedaços de abacaxi que apanhava na Estância de Oliveira. Pode acreditar Toninho: a sobremesa nunca mais terá idêntico gosto. Vá em paz. Fique tranquilo: sua missão na terra foi cumprida. Com sobras.
(artigo escrito por Elias Aredes Junior)