No Guarani, a crítica não é a aceita e o elogio é repudiado. O que fazer?

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O Guarani encontra-se em transe. Vive um clima esquisito. Repudia a crítica e não assimila o elogio. Não consegue incorporar-se ao salutar debate conduzido na opinião pública e natural em qualquer área de atuação. Não seria diferente no futebol.

Nos anos anteriores, a crítica era proibida. Como uma espécie de “Síndrome de Estocolmo”, o torcedor bugrino parecia sequestrado por uma realidade virtual e paralela. Não queria aceitar a má situação financeira, os desmandos dos dirigentes, as medidas equivocadas de treinadores e dirigentes.

Esta “lavagem cerebral”  produzia situações bizarras. Comentaristas e repórteres com espirito crítico e determinados a exercerem o jornalismo na plenitude eram tachados de inimigos, conspiradores e manipuladores. Ex-dirigente, jornalista ou qualquer formador de opinião que quisesse ser aceito dentro da torcida deveria adotar uma postura “cor de rosa”, vaselina, sem criticidade e sendo uma extensão da voz do torcedor. Que, antes de tudo, é paixão e comoção. E quem é apaixonado não vislumbra defeito no outro. Tudo muito natural.

O tempo passou, o dinheiro apareceu (apesar de continuar escasso) e o destino parece querer construir um novo destino na Série C. Pode dar tudo errado e o Guarani colher fracasso idêntico ao da Série A-2 do Campeonato Paulista.  Mas dentro daquilo que estava ao seu alcance, o Guarani fez a lição de casa, pois contratou um técnico conhecedor da divisão (Marcelo Chamusca) e jogadores talhados para a competição, como o atacante Pipico, fundamental para o Macaé obter o acesso em 2014 diante do Fortaleza em pleno estádio Castelão.

Pois pegue esta mistura, coloque em um estádio com portões fechados e coloque para encarar um time desorganizado. Resultado: 4 a 0 no placar e alivio por uma largada positiva. Só para relembrar: em 2015, a estreia foi contra o mesmo Guaratinguetá, desorganizado e limitado e o time não passou de um empate por 1 a 1. A melhoria é nítida.

Euforia? Comemoração antecipada? Nada disso. O que se viu nas redes sociais foi uma parte da torcida do Guarani sem fé ou crença sobre a  sustentação da produção nas 17 rodadas restantes. Sim, a maioria gostou e comemorou a vitória. Mas uma parte expressiva está com um pé atrás. Ceticismo prestes a aumentar ainda mais se ocorrer um tropeço no próximo sábado diante do Tombense.

Ficamos assim: se você criticar o Guarani é colocado na masmorra do inferno. Se elogiar receberá como prêmio de parte da torcida uma estadia na Sibéria. A torcida do Guarani precisa e merece conquistas, vitórias, triunfos e o resgate da dignidade da sua equipe. Como também uma consultoria ao psicológo para evitar o descarte daquilo que o futebol tem de melhor: a produção de esperança.

(análise feita por Elias Aredes Junior)