O DNA do futebol campineiro sumiu da Seleção Brasileira. Como explicar?

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A Copa do Mundo é a principal competição do planeta. Revela tendências, estabelece vilões e elege heróis para a eternidade. Também é capaz de exibir trabalhos bem feitos e executados. A convocação do técnico Tite para os amistosos contra Rússia e Alemanha desnudam uma péssima noticia ao futebol campineiro, que é a de caminhar para, pela segunda vez consecutiva, não contar com qualquer atleta que jogue, tenha sido revelado ou registrado passagem por Ponte Preta e Guarani.

A dinastia iniciou-se em 1974, quando Valdir Peres, revelado pela Macaca, mas com a camisa do São Paulo, foi o reserva de Emerson Leão. Quatro anos depois, na Copa da Argentina, Guarani e Ponte Preta forneceram atletas de alto nível. Para a zaga, foram convocados os pontepretanos Carlos Roberto Gallo, Oscar e Pollozi e o bugrino Amaral, que futuramente seria vendido ao Corinthians. Valdir Peres, ainda pelo São Paulo, foi outra presença confirmada.

Telê Santana armou uma seleção de sonhos em 1982 e que fez história apesar da derrota para a Itália. É considerada por muitos a melhor de todos os tempos. Ponte Preta e Guarani cravaram seu DNA por todos os lados. Pela Macaca, os representantes foram o goleiro Carlos, os zagueiros Juninho e Oscar (agora no São Paulo) e Valdir Peres, ainda no Tricolor Paulista. A lista poderia ser maior se Careca não fosse cortado por lesão dias antes do Mundial.

A Copa do México representou uma segunda chance para Telê Santana e a reaparição de atletas que tiveram sua primeira chance no futebol campineiro, seja pelas categorias de base ou com chance pelo profissional. O pelotão era formado pelo goleiro Carlos, o lateral direito Edson Boaro (revelado pela Ponte Preta), o zagueiro Oscar, o atacante Careca e o então zagueiro Júlio César, que após a Copa do Mundo foi vendido pelo alviverde ao Brest da França.

O desembarque na Itália e as trapalhadas de Sebastião Lazaroni em 1990 foram insuficientes para esconder que o atacante Careca e o beque Ricardo Rocha, projetado na bola pelo Guarani, mesmo que indiretamente, carregavam o DNA do futebol campineiro.

Engana-se quem pensa que não existiu participação do futebol campineiro na conquista da Copa do Mundo de 1994. Mauro Silva deu seus primeiros chutes no Guarani e Ricardo Rocha confirmou presença em sua segunda copa consecutiva. André Cruz, por sua vez, foi o representante solitário no Mundial da França em 1998.

Coincidência ou não, a falta de períodos contínuos de boas campanhas de Guarani e Ponte Preta provocaram a queda da presença no futebol campineiro, mesmo que indireta. Ok, em 2002, Edilson e Luizão, com passagens pelo Guarani levantaram a taça. Na Alemanha, Mineiro foi o único jogador com passagem por Campinas e na Copa de 2010, na África do Sul, tudo ficou sob a responsabilidade de Luis Fabiano e Elano de defenderem o legado de Campinas.

O que aconteceu? Por que a queda vertiginosa? Por que o futebol campineiro deixou de ser centro de excelência?  Por que seu destino parece ser apenas revelar atletas medianos? As respostas de um jeito ou outro você conhece: Ineficiência na captação de novos talentos, contentamento com campanhas medianas nas categorias de base e dirigentes de situação e oposição defasados sobre o real quadro do futebol…

Argumentos para explicar a crise de talentos do futebol campineiro é o que não falta. Duro é saber que poucos desejam mudar tal configuração.

(análise feita por Elias Aredes Junior)