Acompanho futebol desde 1980 e profissionalmente a partir de 1994. Presenciei o Guarani com o comando de diversos grupos políticos. E não tenho medo em dizer que Palmeron Mendes Filho é a maior decepção de gestão nos últimos 20 anos, apesar da conquista do título da Série A-2 e a campanha mediana na Série B do Campeonato Brasileiro de 2018.
Gastaria linhas e linhas para enumerar as medidas equivocadas tomadas por ele no departamento de futebol e também na parte política do clube, hoje uma verdadeira panela de pressão.
Sua aparente obsessão em emplacar o acordo com a Magnum trouxe consequências danosas. Hoje, o torcedor bugrino tem mais duvidas do que certezas. Mesmo assim, defendo que Palmeron exerça o seu mandato até o último segundo e que seja desprezada qualquer tentativa de conspiração e destituição antes do tempo. Sua troca deve ocorrer pelo voto, cuja eleição deverá ocorrer em março do ano que vem.
O Guarani já experimentou a destituição e o resultado não foi nada daquilo que se esperava. Sim, falo de quando Leonel Martins de Oliveira foi tirado pela assembleia de sócios em 2011. Na sequência tivemos um mandato conturbado de Marcelo Mingone, a chegada de Álvaro Negrão com resultados decepcionantes e a estabilidade só foi obtida desde 2016 com o vice-campeonato da Série C. Antes disso, qual presidente do Guaran teve resultado satisfatório? Claro, quando é feito no improviso o final não é prazeroso.
Valorizar o voto, o momento da escolha é fundamental. E pensar nas suas consequências. Tirar Palmeron Mendes Filho antes do término do mandato é isentar de culpa quem lhe apoiou, como o ex-presidente Horley Senna, que hoje é seu opositor. Senna precisa sentir na totalidade que a sua escolha errônea teve consequências e só poderão serem sentidas plenamente com o atual Conselho de Administração sendo levado a completar o mandato na sua integralidade.
Governantes exercerem o mandato fornecem tempo para a formação de quadros, de pessoas que toquem os destinos no futuro. Mingone, Álvaro Negrão e Horley Senna, de uma forma ou de outra foram dirigentes que não tiveram um mandato em sua totalidade. E aí? Houve tempo para a formação de lideranças? Não, não houve.
Reconheço o sabor amargo do remédio. Não sou injusto a ponto de considerar que Palmeron teve só erros. Também teve alguns acertos, como efetivar Umberto Louzer e trazer Fumagalli para o comando do futebol. Os erros, entretanto, superam. Ganham de maneira confortável. Só que retirá-lo agora do poder só trará mais instabilidade, conflito e divergência em uma agremiação já tragada pelo ódio e divisão.
Obedecer o estatuto e as regras do jogo são passos fundamentais para estabelecer a paz em médio e longo prazo. Pode acreditar.
(análise feita por Elias Aredes Junior)