Perdas em 1970 e 1977, ditadura militar e a comprovação: a Ponte Preta é sinônimo de resistência. No gramado e na sociedade

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O dia 31 de março é a data do golpe militar no Brasil. Liberdades foram suprimidas, pessoas foram torturadas e mortas em nome da “ordem no estado”. Um período no qual o futebol tem relação próxima.

Então intitulada Confederação Brasileira de Desportos, presidida por João Havelange e depois pelo Almirante Heleno Nunes, a entidade utilizava a força a e politicagem para inchar e destruir o critério técnico no Campeonato nacional e constranger e perseguir jogadores que ousassem lutar contra o Status Quo.

Reinaldo, Paulo César Lima, Afonsinho e Sócrates são atletas que trocaram a alienação pela luta política e pagaram um preço. Alto.

Equipes podem ser enquadradas. Na Ponte Preta, em duas oportunidades podemos dizer que o seu futebol foi uma ameaça a estrutura vigente.

A primeira foi no Campeonato Paulista de 1970, quando no auge da repressão ousou lutar pelo título contra um São Paulo, que na época, além do jejum de títulos de 13 anos, era a representação do poder central.

Tanto que Laudo Natel, então governador de estado e nomeado pela cúpula militar de Brasilia para comandar o estado não queria deixar escapar a chance de faturar o titulo. Nem que para isso tivesse que sentar no banco de reservas. Colheu o fruto.  Gerou a sensação de que, em condições normais, a Ponte Preta seria a campeã paulista.

Sete anos depois, a sina permaneceu. A Ponte Preta era o melhor time do Campeonato Paulista. Uma máquina de técnica, habilidade e de vitórias. Do outro lado, um Corinthians com 23 anos na fila.

Agora, um adendo: não há prova ou fato nenhum que relacione o Corinthians enquanto instituição com a estrutura de poder da época. O titulo foi decidido na bola.

Para o governo militar e os meios de comunicações era vital que o Corinthians levantasse a taça. Até para desanuviar um clima insuportável na sociedade, que convivia com a perspectiva de endurecimento do Regime Militar.

O Corinthians venceu. Gol de Basílio. A galera ficou feliz. O poder central também. E detalhe: a Ponte Preta é trucidada pelo sistema mesmo com um presidente como Lauro Moraes, ligado a Arena, o partido da Ditadura. E que na época, em eleições majoritárias não prevalecia em Campinas.

Independente da conjuntura histórica, quanto a Ponte Preta, considero que deve ocorrer motivo para lamento e não para tristeza ou decepção.

Lutou não somente contra o futebol e sim com o poder central opressor. Uma derrota com o passar do tempo que gera orgulho pela luta e resistência. Ser suplantado pelo poder constituído e opressor é motivo de altivez e não de vergonha.

(Elias Aredes Junior)