Não pense que o cronista esportivo sente prazer em apontar erros e defeitos de um time de futebol. Pelo contrário. Por isso, quando uma equipe como a Ponte Preta faz uma atuação consistente, vence por 2 a 0 o Brusque, neste sábado no Majestoso e chega aos 07 pontos em uma competição equilibrada e dificil como a Série B do Campeonato Brasileiro, a satisfação é evidente.
O motivo pode ser resumida em uma palavra: evolução. Sabemos que o time tem jogadores limitados, a perspectiva apenas é de manutenção e o rebaixamento à Série A-2 é uma ferida aberta e presente. Mas é comovente verificar como o técnico Hélio dos Anjos ultrapassa os obstáculos e monta um time com sua cara e semelhança.
Assim como o treinador no banco de reservas, a Ponte Preta é aguerrida, dinâmica e ligada nos 220 volts. Disputa cada bola e lance e não pensa duas vezes em utilizar a velocidade como moeda de troca.
Mas não é apenas uma equipe brigadora.
Tem treinamento colocada em prática.
Léo Naldi corre nitidamente orientado pelo treinador. Cobre as laterais e faz o passe inicial no rumo do ataque. Perdeu a bola? Tem Felipe Amaral como uma bela retarguarda. Sem contar que Ramon pode não ser um armador clássico e virtuoso, mas faz o time girar. Time que recebe uma colaboração preciosa dos laterais. Norberto não fez apenas o primeiro gol. Avanços nos espaços oferecidos pelo advertidos e soube incutir velocidade e cadência na medida certa.
Para completar, Lucca teve destaque não pelo gol anotado, mas porque jogou para o time. Fez pivô em algumas jogadas, compactou em outras e teve brio quando o confronto exigia.
Esqueça por enquanto o dérbi marcado para domingo. É um jogo à parte e a questão emocional tem uma interferência gigantesca. Foque no principal: aos poucos, passo a passo, a comissão técnica constrói uma metodologia de trabalho que, se em um primeiro momento não pode sonhar com o acesso, pelo menos vai viabilizar uma campanha digna e que fará torcedor ficar de cabeça erguida e esperar por dias melhores. Não é pouco.
(Elias Aredes Junior- foto de Álvaro Junior-Pontepress)
