Imagine uma cena. Duas pessoas discutem e você assiste de certa distância. Não sabe se estão em vias de se agredirem ou se é uma discussão acalorada. Guardada as devidas proporções, tal quadro é registrado no futebol campineiro. Para muitos, é difícil definir o estágio de rivalidade entre pontepretanos e bugrinos. Ódio? Ressentimento? Repulsa? Ou pura rivalidade? Pesquise o significado de duas palavras no dicionário e o quadro fica ainda mais nublado e confuso.
Se vivêssemos nas décadas 1970, 1980 ou até 1990 não teríamos nenhuma dificuldade em cravar que os clubes campineiros estão inseridos no quesito da Rivalidade. Que de acordo com o dicionário nada mais é do que a oposição, por vezes lúdica e geralmente sem grandes consequências, entre dois ou mais indivíduos, grupos, instituições que perseguem um mesmo objetivo e em que cada lado visa suplantar o(s) outro(s); competição, concorrência, disputa, emulação.
Ok, perfeito, durante anos e anos, tanto um como outro queriam apenas e tão somente ficar a frente nas competições. Participação em finais de campeonato, conquista de títulos ou revelação de craques para a Seleção Brasileira produziam um cenário interessante de disputa.
Hoje, tal comportamento é mantido por alguns nichos. Em diversos bairros de Campinas, o final do ano é reservado para peladas ou amistosos de amigos ou instituições que utilizam as camisas de Ponte Preta e Guarani para confraternizarem. Também não é incomum verificarmos em bares ou cafés da cidade a conversa amena ainda prevalece, assim como algumas brincadeiras sadias.
Existe o reverso da medalha. Que traz apreensão. Nada resume melhor do que a palavra Ódio. De acordo com o dicionário Aurélio é um sentimento de profunda antipatia, desgosto, aversão, raiva, rancor profundo, horror, inimizade ou repulsa contra uma pessoa ou algo, assim como o desejo de evitar, limitar ou destruir o seu objetivo.
Pegue esta definição e relembre as brigas de torcidas organizadas. Ou as trocas de insultos nas redes sociais. Ou ainda as bravatas ditas por dirigentes. Pegue toda essa salada e verá que Ponte Preta e Guarani, apesar de não se encontrarem no gramado há quase quatro anos transformaram tudo em motivo para deflagração da terceira guerra mundial.
O ódio parece ganhar com larga vantagem. A rivalidade parece querer reagir. Desejo com sinceridade que tal placar seja invertido no menor espaço de tempo.
(análise feita por Elias Aredes Junior)