Por que a torcida da Ponte Preta é tão conectada com João Brigatti?

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Estou em um trabalho. Converso com Rosana Grigoleto. Pontepretana. Fanática. Comparece nos jogos. Acompanha o noticiário de modo obsessivo. Sabe a escalação, sofre com as derrotas, fica em delírio com as vitórias. Apesar dos altos e baixos está em êxtase. Acredita no acesso. Contra tudo e contra todos. Centra sua esperança em uma única pessoa: João Brigatti. A força, vitalidade, garra e amor demonstrados pelo treinador deixaram a torcedora com uma ponta no paraíso.

Dialogo com ela e afirmo que são necessários reforços em todos os setores para sonhar de fato com o acesso. Ela para, pensa, reflete. Eu também.

Não pela esperança dela em si, mas pela força demonstrada pelo personagem. Brigatti pegou a Macaca em uma fase ruim. Parecia mais afeito ao rebaixamento do que ao acesso. Cometeu excessos, falhas, equívocos. Até fez reza fora de hora no Paulistão. O torcedor não deixou de acreditar. Criou uma entidade a parte do time. Todos reconhecem a limitação do elenco, mas depositam suas fichas no ex-goleiro.O que provoca a produção desta fé? Qual a receita?

Ser pontepretano não explica tudo. Eduardo Baptista, Nelsinho, Sérgio Guedes e outros personagens já assumiram o time e não captaram com tamanha felicidade a alma da arquibancada. Brigatti vai na alma, não tem intermediários, as críticas parecem impermeáveis.

Pode perder amanhã para o Avaí e sua credibilidade estará inabalada.

A pergunta tem que ser reforçada: o que acontece?

Não conheço pessoalmente o goleiro. Nunca o vi de perto. Só a distância. Eu na cabine e ele no banco de reservas. Tenho uma explicação. Ou teoria. Em um mundo cada vez mais calcado no individualismo, egoísmo, falta de transparência e em que a falta de caráter parece ser a estrada ao sucesso, Brigatti demonstra uma transparência poucas vezes vistas no futebol.

Intenso, apaixonado e por vezes autor de frases desconexas, ele transmite a sensação de que está entregue de corpo e alma ao projeto. Que para ele o “Nós” vem antes do “Eu”.

Pensa na carreira? Não há dúvida.

Só que em cada atitude dele o torcedor pontepretano checa pureza, boa intenção e garra para viabilizar o melhor para o seu clube.

Legado? No campo não há como determinar. Fora dele, não há como fugir: após Brigatti, quem der 99% não será aceito pela torcida. Porque Brigatti entrega 150%. Não é pouco.

(análise feita por Elias Aredes Junior)