Por que os jovens jogadores querem desprezar o Guarani?

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Watson acionou advogados para tentar uma transferência para um clube de Série A ou B. João Vitor entrou na mira do São Paulo Futebol Clube e buscou a Justiça Trabalhista para quebrar o contrato e embarcar no São Paulo, hoje com Pintado de auxiliar técnico, um dos admiradores do seu futebol. Teve o ação judicial recusada e tirou seus pertences do Estádio Brinco de Ouro. Dois fatos ocorridos em um intervalo de tempo muito pequeno e que provocam a reflexão: por que os jovens querem abandonar o Guarani?

Não descarto e excluo o fato dos garotos revelados pelas categorias de base serem assessorados de maneira equivocada. Por vezes não sabem ou entendem o tempo correto para sair de um clube para um lugar melhor. O torcedor, por sua vez, não deveria creditar toda a ação á mente dos atletas. Empresários, parentes, amigos, agregados…Existem muitos personagens dispostos a fazer com que o talento emergente entre na aventura de ganhar muito dinheiro no menor tempo possível.

Só que um aspecto não pode ser desprezado: a vitrine opaca e a projeção insuficiente proporcionada pela participação na Série C do Campeonato Brasileiro.

Jogador de futebol transformou-se em uma marca. Para que tal conceito vire realidade, a regra fundamental é encontrar-se em projeção. Atuar em bom nível nos campeonatos para conseguir transferência que produza bons dividendos para a família, empresários e assessores. E a transmissão pela televisão, o aparecimento em noticiários esportivos de âmbito nacional são requisitos básicos.

Sim, porque no mercado da bola quem atua hoje por Atlético-GO, Bahia, Goiás ou Náutico sabe que tem 38 oportunidades de exibir suas aptidões e abrir portas para a Série A ou obter novos contratos na própria Série B e com mais vantagens financeiras.

O Guarani está fora deste círculo vicioso ou virtuoso no que depender da análise. Disputa a Série C, desprezada pela CBF a partir da fórmula de disputa e da falta de transmissões pela TV. Nas Séries A e B todos os jogos são transmitidos enquanto que na Série C tudo depende do buraco a ser preenchido na programação.

Querem uma prova? O Guarani, após golear o Guaratinguetá, mesmo sendo o único o Campeão Brasileiro de primeira divisão em toda a terceirona não terá o seu jogo contra o Tombense na telinha. Perde o clube que não tem sua marca exposta, além de seus patrocinadores. Perdem os seus jogadores, sem possibilidade de expor seu trabalho na vitrine da bola.

Pense, reflita: neste mundo do futebol extremamente profissional e em que todos os os atletas encontram-se em constante comunicação, como bloquear a ambição de garotos que presenciam amigos em outros clubes de divisões superiores? Garotos estes que às vezes atuam em clubes de Séries A e B e continuam mesmo com atraso de salários e de deposito de direitos como FGTS. Por que? Simples: a vitrine justifica o sacrificio.

Mais do que condenar os garotos ou seu staff, só uma medida poderá atenuar de vez as dores de cabeça do torcedor e dos dirigentes bugrinos: disputar a Série B do Brasileirão em 2017. O resto é conversa afiada.

(análise feita por Elias Aredes Junior – Foto de Rodrigo Villalba-Memory Press)