Quero utilizar este espaço para agradecer as dezenas e centenas de moções de solidariedade em relação aos acontecimentos do dia 08 de julho motivados por uma pergunta (!) em uma entrevista coletiva no Guarani.
As declarações de vários colegas jornalistas demonstram que boa parte da categoria sabe o que está em jogo nestes tempos em que vivemos. E que o futebol é uma extensão da sociedade.
A cada moção de solidariedade, era uma resposta indireta com os seguintes dizeres: “A liberdade de imprensa e de expressão é cláusula pétrea”. Fundamental.
Aos que declaram que minha reação ou dos meus colegas é como uma extensão de mimimi não tem a mínima noção do que representa o jornalismo e o exercício da profissão.
Infelizmente, nos últimos tempos ficamos acostumados a arroubos de autoritarismo. O Presidente da República mandar um repórter calar a boca tem a mesma proporção quando você defende que a pergunta do jornalista foi infeliz. No fundo, tanto você como o mandatário da República tem um idêntico desejo: calar a imprensa e controlar a sua pauta.Ou seja, a pergunta não pode ser feita.
Faço um alerta por um único motivo: são nas pequenas concessões que ocorrem as tragédias democráticas. Hoje você diz que uma pergunta foi infeliz; amanhã você vai querer que o jornalismo pergunte aquilo que você quer e deseja. Começa no futebol e depois vai para a vida em sociedade.
É preciso dar um basta. Por 21 anos, o Brasil foi palco de uma ditadura que deixou como rastro torturas, assassinatos e censura. E truculência contra as cabeças pensantes, como Afonsinho, Reinaldo e Sócrates. Só para ficar no futebol.
A solidariedade dirigida a este Só Dérbi é, antes de tudo, um brado pela democracia e liberdade de imprensa. Isso não pode ser perdido. Jamais.
(Elias Aredes Junior)