Quer ser rebaixado em um campeonato de gestão? Demita um campeão brasileiro!

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Jornalista vive de noticia. Quente, rápida, imediata. Quebrei a regra. Ao tomar conhecimento da demissão pelo Guarani do ex-atacante Bozó, campeão brasileiro em 1978, confesso que decidiu esperar. Colher informações. Ler o que outros colegas tinham a escrever e a dizer.

Basicamente, o ex-jogador atuava no projeto Bugrinho e registrou  serviços prestados nas categorias de base. Foi desligado na semana passada, de acordo com o Globo Esporte.com. O gesto do atual Conselho de Administração  e da superintendência administrativa é indefensável. Erro crasso de gestão.

Patrão tem três direitos: contratar, promover e demitir. Desde que com humanidade, decência e empatia. Condição financeira ruim? Priorize gastos. E Bozó deveria encontrar-se entre estes itens.

Bozó não devia gerar custos exorbitantes. Morava no alojamento do Brinco de Ouro e até hoje nunca se soube qualquer ato que desabonasse sua conduta. Se fosse algo grave tenha certeza: os jornalistas tomariam conhecimento.

Dito tal conceito, é preciso compreender que esses homens que no passado conquistaram o título mais importante da história do Guarani se constituem em patrimônio. Merecem atenção, cuidado e deferência. Levaram o Guarani a um lugar que ninguém imaginava.

Saber da retirada de Bozó no dia de celebração da conquista do título brasileiro é um soco no estômago para qualquer um que tenha interesse pelo lado humano do futebol. Pense. Reflita.

Um senhor, que um dia já defendeu a camisa do Guarani, é desamparado justamente no instante que vivemos uma crise econômica profunda e uma explosão no número de desempregados. Ao contrário do que pregam alguns, a vida social e política não está divorciada do futebol. É essa a retribuição da gestão: jogar um campeão às feras?

Evidente que explicações serão encaminhadas, justificativas enumeradas e tentativas de carinho serão construídas. Nada apaga o saldo: o Guarani demitiu um campeão brasileiro ás vésperas da celebração do título. Ponto. Essa é a noticia. Nua e crua.

Os integrantes do Conselho de Administração do Guarani gostam de alardear os seus feitos. Encher o peito e dizer que promovem uma revolução e patrocinam uma mudança de parâmetro.

Não adianta ser campeão no gramado e rebaixado na gestão. Empatia deve vestir a camisa 10. Ainda mais na direção de quem ajudou a construir uma epopeia inesquecível.

(Elias Aredes Junior)