Roberto Fonseca e o desafio para a comunidade bugrina e imprensa campineira: pensar o Guarani muito além das quatro linhas

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Ao acompanhar a entrevista do novo técnico do Guarani, Roberto Fonseca fiquei em duvidas sobre como definir aquele encontro com os jornalistas.

Eis que ao conversar com um amigo bugrino, de formação intelectual sólida, tive a chance de ouvir ele declarar uma frase que remeteu a comunidade bugrina e seu histórico nos últimos anos. “Na atualidade, parece que quanto mais raso é um personagem em termos intelectuais mais ele adquire status, credibilidade”. Bingo.

Verificamos nesta quarta a apresentação de um treinador com carreira sólida, contínua, sem bravatas. Longe do conceito emitido pelo interlocutor. E que talvez por isso gere tanta expectativa e espanto.

Afinal, quantas e quantas vezes a comunidade bugrina deu espaço e voz a pessoas sem consistência, formação intelectual e com proposta inexistente de solidificação do Guarani tanto no gramado como nos bastidores? O que dizer então daqueles que em nome da vitória fácil ou da alegria momentânea, deram crédito a pessoas sem qualquer ideia lógica, ou que levasse a instituição para patamares de excelência?

Na política do clube, o torcedor bugrino ouviu e aceitou gente artificial, incapaz de formular um plano que proporcionasse ao Guarani uma vida digna. No gramado e no banco de reservas.

Talvez seja isso que gera admiração em Roberto Fonseca. Teoria e prática lado a lado.

Sem mentiras. Qualidade a olhos vistos. Sabe o que quer e como deseja alcançar. É profissional sério, tem método, é trabalhador. Se derem tempo pode oferecer algo melhor do que a simples permanência. Em médio e longo prazo deve aprimorar algo que parece perdido.

É preciso um esforço do torcedor bugrino e também da imprensa (sim, estamos neste balaio) em observar o futebol de modo mais macro. Fugir do lugar comum, das bravatas, das frases feitas, dos pensamentos binários e limitados.

O resultado precisa aparecer sim, mas ter um olho mais critico ao trabalho, ao que é feito nos treinamentos e nas atividades. Sem bravatas, slogans ou piadas que servem para entorpecer. E nós da imprensa, precisamos sair da armadilha eterna que considerarmos satisfatória a cobertura somente do time. Deixar de cobrir outros aspectos é flertar com a alienação.

Roberto Fonseca pode ser o homem certo na hora correta. Desde que o Guarani, a sua comunidade e nós da imprensa, tenhamos mais estofo intelectual e emocional para enxergar o futebol muito além das quatro linhas.

(Elias Aredes Junior)