Sebastião Arcanjo, presidente da Ponte Preta, tem sido requisitado para várias entrevistas. Em todas o tema do preconceito racial aparece. Um fato salta aos olhos: ele é o único negro que comanda uma agremiação nas Séries A,B e C. Uma prova de que o racismo estrutural é presente no Brasil. Comprovação de que os negros não recebem as oportunidades que desejam e merecem.
Os brancos, por sua vez, a iniciativa privada em geral, recebem 31% a mais, de acordo com o IBGE. Ou seja, Tiãozinho é um privilegiado. Chegou ao topo da cadeia do futebol. O mínimo que se esperava é que atributos como inovação, criatividade e competência estivessem presentes. Até para reforçar o discurso de que existe a urgência de abrir mais espaços aos negros no futebol.
Só que acontece tudo ao contrário. Administrativamente, a sua gestão é um horror. Em igual patamar ou até pior do que José Armando Abdalla Junior, que mereceu nota 3,5 deste Só Dérbi. Basta ver a classificação do Campeonato Paulista.
Tiãozinho é adepto da tática da figurinha carimbada. Sim, aquela que não completa álbum e não faz diferença. Inovação no futebol? Como se ele entregou o departamento para Gustavo Bueno, artificie do rebaixamento em 2017? O que dizer então de seu vacilo ao não insistir em contar com Eduardo Lacerda, nem que fosse como consultor à distância.
Vanderlei Pereira, Sérgio Carnielli…Não há novidades, caras novas, medidas ousadas. Nada, nada, nada. Para piorar, ele consegue gerar o temor no torcedor consciente pontepretano. Afinal, como serão pagas essa batelada de contratações se a bola não rola? O salário é reduzido? O contrato só passa a valer a partir do final da pandemia? Pois é. Chegamos em outro entrave: ausência de informações claras e cristalinas.
Deste lado do teclado escreve um jornalista. Negro. Você deveria pensar que poderia nutrir amabilidade com o presidente pontepretano. Nada disso. Por ocupar um cargo de excelência e em um clube que tem a democracia racial que Tiãozinho teria a obrigação de ser um camisa 10 dos gabinetes. Infelizmente, é um esforçado zagueiros. Com muitas limitações.
(Elias Aredes Junior)