Torcedor pontepretano: não lamente o triunfo de Gilson Kleina na Chapecoense. O buraco é bem mais embaixo!

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O esporte reserva surpresas, ciladas e imprevistos. Fatos que entram para a histórias, cujo os protagonistas por vezes não merecem uma distinção de alta patente. Em 1996, a Fórmula 1 começava a viver  o início do reinado de Michael Schumacher em 1994 e 1995, logo após a morte de Ayrton Senna. Em 1996, aconteceu um ponto fora da curva. A Williams montou um carro competitivo, veloz e regular, e Damon Hill, que nunca foi conhecido por habilidade soberba ao volante, faturou o título.

Cinco anos depois, foi a vez do futebol brasileiro viver tal situação. Comandado por Mário Celso Petraglia, o Atlético-PR tinha finalizado a construção da Arena da Baixada, há dois anos usufruía das instalações do Centro de Treinamento do Caju e a consequência natural foi a conquista do título brasileiro com Geninho. Um comandante correto, esforçado e batalhador, mas longe de ser um gênio da bola.

O torcedor pontepretano deveria contabilizar estes exemplos na cabeça antes de lamentar o êxito de Gilson Kleina no comando da Chapecoense, classificada para a fase eliminatória da Copa Libertadores de 2018.

O triunfo não pode esconder a circunstância ocorrida. O time catarinense, com 54 pontos, terminou na mesmíssima oitava colocação pontepretana do ano passado, com 53. A diferença é que, ao contrário de anos anteriores, o campeão da Copa do Brasil (Cruzeiro) ficou no pelotão dianteiro da classificação, assim como o Grêmio, que quebrou o jejum de títulos brasileiros na Libertadores e, de quebra, ficou com o quarto lugar. Ou seja, uma circunstância especial surgiu no horizonte.

Essa conjuntura só apareceu por único aspecto. Apesar da tragédia na Colômbia, a Chapecoense não deixou de ter um norte, uma filosofia de trabalho e uma estrutura azeitada. Tanto que Vagner Mancini, um treinador do pelotão intermediário do Brasil, foi campeão catarinense. Teve méritos? Claro, assim como Kleina, que, se tem virtudes, também apresentou em sua estratégia e sistema tático os mesmos defeitos da época de Ponte Preta: falta de toque de bola, ligação direta, abuso do chuveirinho, etc, etc. Nestas ocasiões, a estrutura e a filosofia de trabalho pesam mais. Em um local de trabalho com filosofia clara, o profissional ruim pode ficar razoável, o mediano fica bom e o competente fico ótimo e quem é excepcional faz história.

Gilson Kleina não é melhor e nem pior que os treinadores brasileiros. O seu desempenho com a Chapecoense e com a Ponte Preta demonstram por A mais B que departamento de fisiologia moderno, CT com instalações modernas e dirigentes que entendam, gostem e discutam futebol em alto nível são requisitos primários para quem deseja triunfar.

O torcedor pontepretano não deve lamentar o êxito de Gilson Kleina, e sim o fracasso de gestão de futebol no estádio Moisés Lucarelli. Isso é bem mais grave.

(análise de Elias Aredes Junior)