Uma análise sobre Ponte Preta, negócios e o mistério inexplicável sobre números

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A Ponte Preta não é uma empresa. Segue conceitos empresariais mas o seu interesse público ultrapassa  paradigmas. Assim como vários clubes espalhados pelo Brasil, goza de isenção de alguns impostos e de privilégios inimagináveis no mundo dos negócios. O salutar seria divulgar os números das transações, aquilo que entra para o cofre e produz o alicerce do departamento de futebol.

Dois episódios recentes escancaram o enredo torto, sem nexo e desprovido de cuidado. Clayson foi vendido ao Corinthians e o torcedor pontepretano só soube da arrecadação de R$ 3,5 milhões em virtude de o próprio Corinthians adotar a iniciativa de destrinchar a operação, que incluiu dois jogadores, Léo Artur e Claudinho, ambos utilizados na Macaca.

Agora, tomamos conhecimento por intermédio do companheiro Julio Nascimento, deste Só Dérbi, que o armador Ravanelli foi repassado ao futebol russo por 800 mil euros e a Macaca ainda ficou com 40% dos direitos econômicos. Bom negócio. Um motivo a mais para não entender o mistério nas negociações.

Caixa preta criada em todas as frentes. Se a blindagem fosse direcionada a imprensa e torcida eu não concordaria, mas daria para engolir. Duro é constatar que conselheiros eleitos não têm acesso imediato aos números. Entenda: assim como deputados e vereadores no poder público, os conselheiros tem a missão de fiscalizar a diretoria executiva, seus atos e decisões. Na Ponte Preta, a missão é dificultada ao máximo.

Você pode argumentar que os números são destrinchados e apresentados no balanço financeiro, divulgado ao público em abril de cada ano.

É pouco. Não precisa ser gênio da lâmpada para entender que a divulgação com um ano de atraso dificulta de modo tremendo o esclarecimento do destino do dinheiro e sua devida aplicação.

Qual a consequência? O conselheiro de oposição invariavelmente sai insatisfeito. Seria de bom grado a diretoria executiva incutir um conceito na cabeça: a Ponte Preta é de todos.  Nos mínimos detalhes. Até com aqueles com os quais temos divergências políticas.

(análise feita por Elias Aredes Junior)