Vilão, redentor, herói, centralizador: os papéis de Sérgio Carnielli em 22 anos na Ponte Preta

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No dia 09 de setembro de 1996, o Conselho Deliberativo da Ponte Preta reuniu-se para analisar o pedido de licença do então presidente Nivaldo Baldo e encaminhar a posse do empresário Sérgio Carnielli, que virou mandatário definitivo no dia 13 de setembro com a carta renúncia encaminhada pelo fisioterapeuta. Ou seja, na quinta-feira, dia 13, serão completados 22 anos de estadia de Carnielli ou como presidente ou na função de comandante do grupo político que dita as cartas no Majestoso. O atual presidente de honra exerceu vários papéis perante a torcida pontepretana e que vale a pena recordá-los.

Quando a eleição foi realizada em 1995, Carnielli era o parceiro de Baldo. Fazia dobradinha na chapa e que derrotou o então oponente Marcos Garcia. Por cinco meses, esteve ao lado do fisioterapeuta para implantar políticas inovadoras e medidas polêmicas como a de virar o busto de Moisés Lucarelli em 180 graus. A lua de mel de Carnielli com Baldo acabou em um bate boca público, cujo ápice foram matérias publicadas no jornal Diário do Povo.

Carnielli rachou com Baldo e, de uma hora para outra, virou o redentor ao instituir o Movimento da Legalidade Pontepretana e, posteriormente, assumindo o poder. No início, Carnielli cometeu erros e equívocos e os resultados não apareceram. Com a chegada de Marco Antônio Eberlim, que atuava no futebol amador de Campinas, as coisas  deslancharam. A Macaca obteve acesso na Série B do Brasileirão, na Série A2 do Paulista e viveu instantes de esperança. Carnielli viveu uma fase de endeusamento, pois as críticas pelo desempenho desembocavam todas em Eberlim.

Carnielli ficou próximo do olimpo ao ver a Alvinegra disputar as semifinais do Paulistão e da Copa do Brasil de 2001, mas quase beijou o inferno quando o time escapou do rebaixamento no Torneio Rio São Paulo de 2002 e do Brasileirão de 2003.

A parceria com Eberlim lhe concedeu a primazia de ficar nove temporadas consecutivas na Série A do Brasileirão, apesar do ex-vice presidente de futebol ser apontado como um dos arquitetos do time que caiu em 2006 no torneio nacional. A partir da saída de Eberlim, Sérgio Carnielli começa a ser humanizado, pois seus erros de gestão começam a surgir na Série B do Brasileirao, com a contratação de diversos técnicos, contratações de jogadores de qualidade técnica duvidosa e queda de credibilidade nas arquibancadas.

O quadro melhorou em 2008 e com Sérgio Guedes e atletas como Renato Cajá e Elias, o time chegou a final do Paulistão. Mais três anos foram necessários para Carnielli desejar construir uma nova imagem: a do descentralizador.

A nomeação de Márcio Della Volpe e Miguel Di Ciurcio como gestores do futebol tentava transmitir a sensação de que o presidente não se meteria mais nos assuntos da bola e cuidaria das finanças com Vanderlei Pereira. O conceito continuou com Ocimar Bolicenho, Marcus Vinicius e até Gustavo Bueno. O modelo começou a ruir no final de 2011, quando Sérgio Carnielli foi afastado da presidência do clube por ter contratado uma empresa para fazer o balanço financeiro, cujo um dos sócios estava no quadro de associados da Macaca, um claro conflito de interesses.

O que ninguém era a de que a partir de 2013, Sérgio Carnielli passasse a viver um novo papel na novela da vida pontepretana: o de vilão. O perigo do rebaixamento era latente no Brasileirão, e mesmo Márcio Della Volpe contrariou a orientação de Carnielli e apostou todas as fichas na Sul-Americana. Perdeu o titulo, mas ganhou credibilidade com a torcida, que passou a olhar de maneira diferente o atual presidente de honra.

Que ninguém pense que Carnielli aceitou a designação de olhos fechados. Nada disso. Em 2014, pagou salários atrasados do próprio bolso e se o time fosse campeão da Série B certamente viraria o herói, apesar de Della Volpe exercer a presidência.

Nos últimos anos, porém, Carnielli convive com a mesma alcunha: a de um dirigente que não se importa com a Ponte Preta, não conversa com a oposição, toma medidas pela sua própria cabeça e que aponta candidatos à presidência, sem ouvir seus pares.

Descentralizador? Redentor? Vilão? Centralizador? Qual legado deixará Carnielli quando sair da Ponte Preta? A história dirá.

(artigo escrito por Elias Aredes Junior)

7 Comentários

  1. Ele o de Honra, e responsavel pelo maior endividamento da historia do clube, mais de 100 milhoes de reais, fechamento dos dois clubes sociais, de levar as categorias de base para jaguariuna,
    O adjetivo fica a criterio de nossa sofrida torcida,
    Estamos com um pe no abismo,
    SOCORRO PELO AMOR DE DEUS!!!

  2. Grande Elias Aredes, não tem como deixar de enaltece-lo novamente com essa reportagem.
    Devo ser claro a respeito, o Sr Sérgio, quando conquistou a presidência desse clube Centenário, como bem lembrado, conseguiu de forma arbitrária e truculenta com o Sr Nivaldo, pois pagaria uma dívida de 1,8 milhões na época, hoje aproximadamente 122 MILHÕES.
    Mesmo no ponto mais alto desta agremiação não soube gerir de forma correta e positiva, pois só era acertivo na forma da condução, sempre arbitrário ou “déspota” como foi chamado algum tempo atrás.
    Conseguiu apoio de Eberlim, uma dupla ótima, acertou a casa, mas em 2003 deixou-o sozinho, com salários e contas atrasadas, se não fosse a ajuda de pontepretanos de corpo e alma, conseguiu se firmar mais um ano no brasileirão, como de costume o Sr SC não gosta de ser contrariado, esse “romance” chega ao seu fim e posteriormente igualmente com o Sr Della Volpe.
    A partir daí erros suscetíveis aumentando cada vez mais o seu estilo Nicolau Maquiavel, ou na base do poder.
    Nessa última gestão com Sr WP, mais atos falhos que custaram e continuarão a custar muito caro a ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA PONTE PRETA.
    Como se nada tivesse acontecido, nesta gestão atual, contínuos conflitos principalmente com a torcida contratando seguranças de fora da cidade para acuar conselheiros contrários a ele no dia da eleição e a boa relação com a imprensa campineira para não falar contrário as suas vontades.
    Para não me alongar muito mais, pois situações para isso existe e em grande quantidade, minha visão desse cidadão deste texto bem esmiuçado, uma pessoa com síndrome do poder ou uma criança mimada que parece não ter crescido.

  3. É notório o empenho do Soderbi em informar, desafiar e exercer a liberdade de expressão em seus conteúdos.

    Após uma democrática e justa eleição entre ponte pretanos, em somente sete meses, administrei e organizei os nossos clubes, o estádio, o jardim Eulina e Paineiras. Abri verdadeiramente os portões e a transparência para todos os pontepretanos, garantindo-lhes que a Ponte Preta era realmente do pontepretanos.

    Tivemos uma agencia bancaria no Estádio com atendimento e apresentação de todo e qualquer documentação aos associados. Foram centenas de melhorias e caminhávamos para estabilização do clube.

    Rompi com todo os tipos de inadequações administrativas em favorecimento da querida Ponte Preta, nossa eterna paixão!

    Apesar de me dedicar 24 horas por dia em reerguer os clubes, solucionando problemas e impedimentos de todos os tipos, tudo ia muito bem, porem as articulações políticas de meu vice, que da mesma forma visava o bem do clube e se tornaram um continuo convencimento de que os “milagres financeiros” seriam feitos somente com ele.

    Lamentavelmente muitos optaram não para uma administração de “pés no chão e transparência”, mas ficaram com as promessas de uma Ponte Preta milionária. O que determinou a minha saída da presidência.

    Toda administração ou “governo” deve ser equilibrado por oposições, vejam como ficou o nosso país pela falta disso. Nelson Rodrigues já dizia que “a unanimidade é burra”.

    A Ponte Preta sob um “único comando” e continuidade sucessórias, trouxe o continuísmo e de certa forma uma blindagem de grupos que foram com o tempo montados e desmontados, dando a impressão de ter criando um corporativismo.

    A Ponte Preta se tornará uma entidade estável quando estiver livre de qualquer tipo influência e poder exercer sua gestão administrativa e financeira de forma democrática e não em um “único comando”. A partir daí estará garantida para todas as gerações de pontepretanos.

  4. É notório o empenho do Soderbi em informar, desafiar e exercer a liberdade de expressão em seus conteúdos.

    Após uma democrática e justa eleição entre ponte pretanos, em somente sete meses, administrei e organizei os nossos clubes, o estádio, o jardim Eulina e Paineiras. Abri verdadeiramente os portões e a transparência para todos os pontepretanos, garantindo-lhes que a Ponte Preta era realmente do pontepretanos.

    Tiivemos uma agencia bancaria no Estádio com atendimento e apresentação de todo e qualquer documentação aos associados. Foram centenas de melhorias e caminhávamos para estabilização do clube.

    Rompi com todo os tipos de inadequações administrativas em favorecimento da querida Ponte Preta, nossa eterna paixão!

    Apesar de me dedicar 24 horas por dia em reerguer os clubes, solucionando problemas e impedimentos de todos os tipos, tudo ia muito bem, porem as articulações políticas de meu vice, que da mesma forma visava o bem do clube e se tornaram um continuo convencimento de que os “milagres financeiros” seriam feitos somente com ele.

    Lamentavelmente muitos optaram não para uma administração de “pés no chão e transparência”, mas ficaram com as promessas de uma Ponte Preta milionária. O que determinou a minha saída da presidência.

    Toda administração ou “governo” deve ser equilibrado por oposições, vejam como ficou o nosso país pela falta disso. Nelson Rodrigues já dizia que “a unanimidade é burra”.

    A Ponte Preta sob um “único comando” e continuidade sucessórias, trouxe o continuísmo e de certa forma uma blindagem de grupos que foram com o tempo montados e desmontados, dando a impressão de ter criando um corporativismo.

    A Ponte Preta se tornará uma entidade estável quando estiver livre de qualquer tipo influência e pode exercer sua gestão administrativa e financeira de forma democrática e não em um “único comando”. A partir daí estará garantida para todas as gerações de pontepretanos.

  5. Esses 22 anos de Poder na Ponte Preta, mostra o óbvio em cargo de comando de uma Instituição, quando esse comando não é propriedade do comandante. É o vício
    administrativo que auto-determina ao homem os valores incompatíveis com os problemas que mutam
    através dos anos e gestões demoradas se enraizam, crescem e ramificam para o fracasso total.
    Isso é um dos fatores que determina sérios problemas vividos pela Ponte Preta, nos dias atuais.
    Isto posto, o Presidente de “Honra” deveria deixar toda e qualquer interferência na área administrativa, não mais usando o artifício de prepostos nos órgãos que eleitos foram para nortear o futuro de nossa Ponte Preta.
    Se o Presidente de “Honra” é de fato pontepretano de fé, poderá, mesmo sem cargo algum no Clube, contri-
    buir de várias formas, principalmentes, nos. momentos mais difíceis. Em seus 118 anos de exis-
    tência, a Ponte Preta sempre teve, em sua trajetória,
    esses heróis que jamais negaram ajuda, de acordo com suas possibilidades de forma honrosa e no mais completo anonimato!
    Tal atitude o fará, daqui para frente, mais útil e despo-jado da fraqueza do ego humano, que trilha o indesejável caminho da vaidade.
    A Ponte Preta merece de todos nós, indistintamente, ser ajudada, amada, no âmago de nossos mais puros sentimentos!