Sobre Guarani, título de 1978 e suas consequências positivas para a história do clube

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Faltavam alguns minutos para as 18h quando o adolescente Careca, de 17 anos, dominou a bola e chutou para as redes. Boa parte dos 28.287 presentes no estádio Brinco de Ouro entrou em delírio. Porque o Guarani era campeão brasileiro de 1978. O primeiro time do interior. Caso único do Brasil. Carlos Alberto Silva entrou para a história como único técnico que militou no futebol campineiro e levantou um troféu de âmbito nacional.

O que poucos conseguem dimensionar é das consequências geradas por esse titulo. Frutos que permanecem até hoje e outros que o Guarani degustou e lhe deixou em outro patamar no futebol brasileiro. E que dá esperanças de dias melhores ao torcedor da arquibancada.

Não cito as participações de Libertadores. Nem as conquistas posteriores da Taça de Prata de 1981 e os vice-campeonatos brasileiros de 1986 e 1987. Refiro-me a patrimônios físicos ou subjetivos.

O primeiro atende pelo nome de Tobogã. O lance de arquibancada que é o xodó da torcida bugrina foi viabilizado graças as vendas de jogadores campeões de 1978 como Zenon e Renato, para o mundo árabe e São Paulo, respectivamente. Pense: sem o título nacional, a participação na Libertadores e a projeção no mundo da bola, será que o Alviverde conseguiria atrair tanto dinheiro na época? Certamente não.

Outro patrimônio adquirido é a simpatia. Quando disputava as fases decisivas da Taça de Ouro, o Guarani, pelo seu estilo decisivo e ofensivo, era considerado um contraponto a Seleção Brasileira do técnico Claudio Coutinho e que saiu da Argentina com o título de Campeão moral, após a armação entre Argentina e Peru.

A partir daí, com o passar dos anos, o Guarani para o público externo fora de Campinas foi considerado um time simpático e sinônimo de criatividade e ousadia. Um conceito reafirmado com a revelação e projeção de atletas como Djalminha, João Paulo, Boiadeiro, Evair, Jorge Mendonça, Robson Ponte, entre outros.

De certa maneira dá para apostar que este título é o responsável por abastecer a esperança. Afinal, quem já foi campeão brasileiro, quarto lugar de Copa Libertadores, abasteceu a Seleção Brasileira com centenas de jogadores como pode morrer sem condição de reação? O titulo de 1978 é a comprovação de que o torcedor do Guarani jamais deve deixar de sonhar. Porque o sonho é o alicerce de qualquer realidade saborosa. Hoje, o torcedor bugrino não vê tal oásis. O título de 1978 demonstra que a perseverança vale a pena. Sempre.

(Análise feita por Elias Aredes Junior)