O Guarani perdeu do Santo André por 2 a 1 e momentaneamente está excluído do grupo de classificação da Série A-2 do Campeonato Paulista. Nos últimos 180 minutos, contra Rio Branco em Campinas e no gramado do Bruno José Daniel, o time montado pelo técnico Pintado teve falhas tanto de concepção de jogo como de escalação. Equívocos que podem e devem ser apontados. São subsídios para gerarem uma reflexão na condução do processo de melhoria.
Só que a cada momento de irregularidade, normal em qualquer equipe de futebol, algo de estranho acontece no Guarani. As críticas, mesmo as construtivas, são encaradas como uma declaração de guerra, seja pela torcida, dirigentes e até jogadores. Constatar o óbvio é o equivalente a uma declaração de guerra contra uma agremiação detentora de títulos e páginas nobres no futebol brasileiro.
Pegue o jogo de sábado. Wesley foi um dos melhores contra o Rio Branco, de acordo com as notas do companheiro Júlio Nascimento, aqui do Só Dérbi. E foi para a reserva diante do Santo André. Douglas Packer teve três oportunidades e por causa de uma atuação ruim na última quarta-feira foi para a reserva. Fumagalli teve uma sequência de seis jogos com desempenho ruim e foi preservado. Por que a diferença de tratamento? Por que o assunto não pode ser abordado? Por que muitos torcedores negam a reflexão?
Será que não é essa tentativa de negação da realidade que levou o Guarani a esse estado de coisas? Não foi essa obsessão de querer viver um mundo ideal, sem conflitos e problemas que deixou o clube em situação delicada ao longo dos anos?
A razão em vários momentos nos últimos anos deu lugar a alienação. Palco preferido dos oportunistas, daqueles que só querem dizer aquilo que agrada aos ouvidos do torcedor. Ignoram o equilibrio na análise e focam em proporcionar prazeres momentâneos aos presentes na arquibancada. Aplicam uma morfina virtual que amenize a dor e deixe de lado os problemas.
Sim, concordo que alguns pontos não podem ser ignorados, especialmente no aspecto positivo. O elenco está bem formado? Sim. Os jogadores contratados estão adequados a divisão? Sem dúvida. A possibilidade de classificação é ampla, geral e irrestrita? Com certeza. Mas isso não quer dizer que não existem erros e falhas no Estádio Brinco de Ouro. Que não existem equívocos na escalação.
Tais problemas aconteceram em competições anteriores e muitos decidiram colocar embaixo do tapete. Não criticaram. Não falaram. Motivo: o Guarani está ferido, sua torcida encontra-se decepcionada e não de bom tom tocar nesses assuntos, sejam eles do gramado ou de bastidores. Pergunta: se o clima fosse mais aberto, democrático e com respeito as opiniões alheias, será que o Guarani não estaria em situação melhor? Fica a reflexão.
O Guarani é grande demais para necessitar de bajulação, puxa-saquismo, ufanismo ou adesismo. O Guarani precisa da verdade. Sempre.
(análise feita por Elias Aredes Junior- foto de Rodrigo Villalba-Memory Press)