A crise do futebol campineiro é profunda, crítica e dramática. Muita gente nem liga. Até quando?

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Após a rodada deste final de semana, a Ponte Preta foi  rebaixada para Série B. No dia anterior, após perder por 2 a 0 no estádio Beira-Rio, o Guarani finalizou uma campanha pífia na segunda divisão. Escapou graças à incompetência do Luverdense e ao seu triunfo diante do CRB. Campanha que não deixará nenhuma saudade.

Nestes quase dois de Só Dérbi, cansamos de alertar, advertir e mostrar por A mais B que o quadro era dramático. Que algo deveria ser feito. Uma cidade de quase 1,5 milhão de habitantes ficou refém da mediocridade, da falta de talento e ambição. Argumentos toscos são utilizados para justificar falhas e mais falhas de gestão. Enquanto isso, a Chapecoense ressuscita, o Paraná retorna à divisão de elite e o Atlético Paranaense, anteriormente um clube de médio porte, dá exemplo de modernidade.

Uma parte das arquibancadas não quer saber disso. Abraçaram a alienação. Querem fingir que tudo está bem. E não está.

Pior: jornalistas independentes, críticos e que repudiam usar o futebol como puro entretenimento são perseguidos. Por torcedores, empresários e dirigentes.

Não faltam apenas jogadores para Ponte Preta e Guarani nas arquibancadas. Falta informação, reflexão e vontade de se modernizar. Inclusive entre nós, da imprensa.

Também precisamos melhorar. Muito. Absurdamente.

Não há mais saída. Campinas precisa promover uma revolução em seu futebol e que produza um debate franco, aberto, democrático e sensato com torcedores, imprensa e/ou dirigentes ou a extinção em longo prazo acontecerá. Não podemos perder a oportunidade de ouvir o relato e a experiência de ouvir quem já levou Campinas ao olimpo. Será que na Ponte Preta figuras como Peri Chaib, Marcos Garcia Costa, Marco Antonio Eberlim, Márcio Della Volpe não teriam nada a acrescentar em termos de experiência e conhecimento no futebol? E no Guarani? Cláudio Corrente, Beto Zini, Leonel Martins de Oliveira, componentes da família Giardini, Álvaro Negrão e torcedores emblemáticos como Marcos Ortiz não poderiam ajudar o Guarani a buscar novos caminhos?

Sem a adoção de medidas práticas, nestas condições, o que teremos em 2018 serão dois dérbis com gosto de cabo de guarda chuva. Duas equipes reféns da mediocridade. E que se recusam a encarar a realidade.

(análise de Elias Aredes Junior)