Herói do Flamengo na Sul-Americana, César foi preterido na Ponte Preta e expõe discussão sobre preparador

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A oportunidade que tanto esperava. O goleiro César, de 24 anos, foi o centro das atenções na classificação do Flamengo para a final da Copa Sul-Americana. Escolhido para substituir Diego Alves, machucado, e o criticado Alex Muralha, ele fez uma atuação segura e defendeu um pênalti na partida contra o Junior Barranquilla. O atleta integrou o elenco da Ponte Preta em 2016, mas foi preterido durante toda temporada e não recebeu apoio do preparador de goleiros André Dias.

Contratado por empréstimo junto ao Flamengo no início do ano, a missão de César era a de repetir a boa passagem de Marcelo Lomba no ano anterior. Logo no começo do Paulistão, porém, não recebeu o aval da comissão técnica para jogar. Na estreia do Estadual da temporada anterior, o treinador de goleiros da Macaca, André Dias, optou por Mateus – então terceiro goleiro -, na estreia contra o Oeste e, após falha do escolhido, escolheu João Carlos na partida contra o Santos.

Após quatro jogos com partidas inseguras com João Carlos e Mateus, o treinador Vinicius Eutrópio cogitava a entrada do goleiro flamenguista, mas um lesão no cotovelo afastou César por duas semanas. Quando voltou, em meados de março, não voltou a ser relacionado na Macaca e ficou treinando em separado com Ivan, promovido da base. O atleta só voltou a figurar no banco de reservas na reta final do primeiro turno do Brasileirão de 2016, já com Eduardo Baptista,

Na época, o dono da posição era João Carlos, atual reserva, mas as críticas contra o sistema defensivo continuavam. Ainda sem confiar em César, a solução encontrada foi buscar Aranha no Joinville. Hoje titular, o goleiro de 37 anos vivia uma temporada de dúvidas sobre o condicionamento físico depois de um semestre parado, mas conseguiu corresponder dentro de campo e não foi mais substituído após 18 meses na meta pontepretana.

Reclamando da falta de espaço e confiança, César pediu para deixar a equipe e foi repassado ao time da Ferroviária no Campeonato Paulista desta temporada. Depois do período do Estadual, foi chamado de volta ao Rio de Janeiro para ficar na suplência de Alex Muralha – na época, em alta com a torcida -, e se transformou em opção com as ausências dos titulares na reta final da competição continental. O ex-preparador do Flamengo, Wagner Miranda, defendeu mais oportunidades para o atleta. “Está capacitado para assumir essa responsabilidade. O César é um goleiro extremamente qualificado para poder assumir essa responsabilidade de jogar essa partida”, pontuou.

Diferentemente do que ocorreu na Ponte Preta em 2016, César recebeu a confiança do treinador de goleiros, Victor Hugo, e do treinador colombiano Reinaldo Rueda. Sem Diego Alves e com Muralha em baixa, o renegado na Macaca pode ser campeão da Sul-Americana como titular da equipe de maior torcida no futebol brasileiro.

DISCUSSÃO SOBRE PREPARADOR
A resposta de César em um momento de pressão numa equipe como o Flamengo expõe a discussão sobre as escolhas do preparador de goleiros, André Dias, na Ponte Preta. No ano passado, quando o sistema defensivo foi alvo de críticas, fez escolhas por João Carlos e Mateus, que não corresponderam. A solução foi encontrada somente em Aranha. Experiente, rodado após passagens por Palmeiras e Santos, que já tinha conhecimento sobre a Macaca.

Mas, com base na partida de João Carlos contra a Chapecoense, a suplência de Aranha vira um questionamento dentro do departamento de futebol. O titular tem contrato até 2019, mas o reserva deve deixar a equipe ainda neste mês. O jovem Ivan surge como destaque das categorias de base, mas precisará de respaldo e confiança para eventuais necessidades. O trabalho de André Dias já começa a levantar dúvidas, mas a dor de cabeça ficará para a diretoria alvinegra.

(texto e reportagem: Júlio Nascimento)