Como faço em todas as oportunidades, acompanhei a entrevista coletiva do técnico pontepretano Eduardo Baptista. A expectativa era justificada. Era o seu primeiro pronunciamento desde o rebaixamento contra o Vitória (BA) e a mudança na diretoria executiva.
Foram 26 minutos de declarações para justificar e elogiar as contratações de Silvinho, Renan Fonseca, Marciel, Thiago Real entre outros menos cotados. Se não tivesse acompanhado a conversa na íntegra, eu poderia jurar que ele estava em seu primeiro dia de trabalho. Afinal, até suas declarações sobre a queda foram de uma frieza e um distanciamento assustadores. O treinador tratou do tema como se não tivesse responsabilidade sobre ele ou um peso menor.
Pior: disse que, quando foi contratado pelo ex-presidente Vanderlei Pereira, estipulou que desejava um contrato mais longo caso ocorresse a necessidade de “reconstrução”. Ou seja, nem ele confiava no potencial do elenco montado pelo amigo Gustavo Bueno.
Neste emaranhado de frases e discursos por vezes superficiais faltou o essencial: que Eduardo Baptista encaminhasse um pedido de desculpas públicos à torcida da Macaca pelo rebaixamento. Os seus fãs podem não gostam mas ele tem direta responsabilidade pelo fracasso.
Não falo em cima de divagações, e sim sobre fatos. Gilson Kleina fez uma campanha horrorosa e foi demitido após a derrota para o Atlético-GO, por 3 a 1, no estádio Moisés Lucarelli. Apesar do trabalho ruim, o atual comandante da Chapecoense teve 38,9% de aproveitamento e estava na décima quinta posição na classificação geral. Detalhe: o Vitória (BA) escapou com 37,7% de aproveitamento. Ou seja, o trabalho de Kleina era ruim, mas se Eduardo Baptista conseguisse a manutenção do percentual não lamentaria o revés.
O técnico teve 14 rodadas para tal procedimento. O que colheu? Desempenho de 26,19%, pior até do que o lanterna Atletico-GO, que teve 31,6%. Pergunto: Eduardo Baptista não deve um pedido de desculpas?
Como isentar Eduardo Baptista pelo caso Rodrigo? Bem ou mal, Marllon e Luan Peres davam conta do recado. Todos sabemos que o ponto nevrálgico era a debilidade dos volantes. Em nome da experiência, Rodrigo foi escalado e o que fez? Uma atitude inconsequente diante do Vitória, que gerou a virada, o rebaixamento e a explosão da revolta do torcedor pontepretano. Questiono: não era o momento de Eduardo Baptista realizar uma autocrítica?
Uma atitude que fica mais latente ao recordarmos o caso de Emerson Sheik. Ele queria colocá-lo na reserva? Ótimo, espetacular. Direito dele. Por que não teve uma conversa particular e explicasse suas razões? Nada disso. Tomou a decisão de cima para baixo e gerou insatisfação no atleta. Que, apesar de lesionado, não demonstrou nenhuma vontade de buscar a recuperação. Errado? Sim. Mas um treinador de futebol precisa ser também capaz de detectar as personalidades à sua disposição e saber conversar com sabedoria.
Pense, reflita: Eduardo Baptista não deveria postar-se de modo mais humilde perante o torcedor?O torcedor tem toda razão de encontrar-se esperançoso com a nova diretoria, ávida em tomar atitudes que demonstrem um novo caminho. Virar a página e jamais repetir os erros do passado.
Para que esse plano dê certo, os participantes do desastre do ano passado deveriam assumir sua parcela de culpa e demonstrar humildade de aprender com os erros. E o compromisso de uma postura diferente de agora em diante. Eduardo Baptista perdeu uma ótima chance de marcar um golaço. No final, só sobraram firulas e caneladas verbais.
(análise de Elias Aredes Junior)