O Guarani promoveu nesta segunda-feira oito jogadores que disputaram a última Copa São Paulo de Futebol Júnior. Dos últimos anos, ao lado da geração de 2016, a que mais produzirá atletas ao time principal, do goleiro aos atacantes. Nomes como o goleiro Carlão, o zagueiro Heitor, o volante Matheus e o atacante Serafim se destacaram nas competições recentes da categoria.
Agora, eu deixo a pergunta. Será que Heitor é inferior ao alvo bugrino Bonfim? Serafim pode produzir mais do que Bruno Paulo, ainda na mira da comissão técnica? Não são piores do que algumas contratações recentes. São mais baratos e ainda teriam o apoio do torcedor. Para quê o Guarani tem categorias de base? Apenas para servir a empresários? Um absurdo. “Jogadores conhecidos” contratados recentemente como Paulinho, Rafael Silva, Flávio Caça-Rato e Nunes somaram o que dentro no rendimento do time?
O Guarani promove atletas, mas não aproveita ninguém. De 2012 a 2017, só Salomão e Bruno Mendes foram escalados como titulares, com bom número de jogos. É inadmissível o que a diretoria faz com a base. Jovens promessas bem trabalhadas poderiam render mais ao clube, além do fato de serem criadas de acordo com as normas da instituição. Sempre haverá uma identificação. Mas os dirigentes preferem gastar em um mercado não confiável – muitas vezes atentando interesses -, ao invés de lapidar. É mais fácil.
Nomes como João Guima, Lorran, Wesley, Gabriel Rodrigues, Léo Artur, Rai, Citadini e Léo Rigo já passaram pelo Brinco de Ouro, mas não receberam sequências. Jogadores com potencial. Ninguém aceita mais desculpas de que os meninos não têm talento e não aguentam pressão. É obrigação das comissões técnicas trabalharem para prepará-los como os próximos titulares dos profissionais.
O caso mais recente envolve os goleiros. O elenco do Bugre conta com dois atletas de grande potencial. Passarelli e, principalmente, Carlão. Mas a diretoria optou por ir ao mercado e arriscar em dois jogadores que não são conhecidos. Bruno Brígido e Wallace, alternativas em Coritiba e Vitória, respectivamente. Tiram o espaço de duas crias que demonstram potencial e atiram no escuro esperando, por algum motivo, acertarem.
A especialidade do Guarani nas décadas de 60 a 90 virou o veneno que os empresários destilam para forçar a saída dos atletas, como no caso Watson. Está na hora de repensar alguns conceitos dentro do clube. E com o Alviverde ganhando mais do que supostos “parceiros”.
Umberto Louzer acerta ao promover oito jogadores e espero que a diretoria ainda desista a tempo de alguns jogadores na mira que pouco vão adicionar ao nível técnico questionável do que já tem se montado.
(análise de Júlio Nascimento/foto: Gabriel Ferrari-GuaraniPress)