A lista de jogadores que entraram na Justiça contra a Ponte Preta, alegando salários atrasados, pode aumentar. Atletas como Fernandinho, Fábio Ferreira e João Lucas, sem identificação com o clube, já acionaram a Macaca. E agora até um goleiro que fez história no clube pode recorrer seus direitos judicialmente.
Aranha está na Ponte Preta desde 2000, com um intervalo para jogar em Santos, Palmeiras e Atlético-MG. Foi fundamental – não apenas mais um do elenco, repito, foi fundamental – nas campanhas finalistas do Paulistão em 2017 e, principalmente, 2008. E agora, está prestes a se tornar mais um desempregado.
O goleiro foi escanteado para dar espaço ao ótimo Ivan, mas não recebeu o tratamento digno do segundo jogador com mais jogos na posição. Aranha ultrapassou a marca de 200 partidas só com a camisa pontepretana. Respeitar a opção do técnico e ir para a reserva faz parte do jogo, mas os representantes estão incomodados com o tratamento que Aranha tem recebido nas últimas semanas e, por isso, não descartam cobrar o clube na Justiça.
Há algumas maneiras de ver o caso e a primeira delas é estritamente racional e legal. Por ela, Aranha tem todo o direito de acionar a Ponte Preta e requerer passe livre, pois o clube atrasou mais de quatro meses de salário. Porém, cabe uma pergunta: o futebol é estritamente racional e legal?
Não se pode esquecer que Aranha virou um atleta desconhecido no Joinville e ficou meses sem clube antes de retornar ao Majestoso, considerado um dos grandes destaques nas últimas competições, a ponto de renovar seu contrato até 2019.
Estamos falando de um profissional que sempre honrou o clube. Não é necessário fazer uma estátua para ele na porta do Moisés Lucarelli. Mas poderia ser organizada uma homenagem, uma coletiva de despedida, um vídeo com grandes momentos dele nas redes sociais. Enfim, que um mínimo de gratidão seja demonstrado em um momento desagradável para todo mundo.
Se não for para utilizá-lo, que uma decisão amigável seja priorizada, pois é triste quando um clube não cultiva nem respeita ídolos.
(análise de Júlio Nascimento/foto: PontePress)