Se alguém esqueceu, relembro como foi a passagem de Lisca no Guarani.
A diretoria do Guarani convocou o gaúcho de 45 anos após a errada escolha por Marcelo Cabo com objetivo de salvar com segurança a equipe do rebaixamento na Série B. Apostaram que a missão seria fácil com 10 rodadas restantes para o término da competição.
Mas não foi.
Foram apenas duas vitórias, quatro empates e quatro derrotas: 33% de aproveitamento. O Guarani se livrou da queda por ter uma vitória a mais do que o Luverdense, mas terminou a competição com o mesmo número de pontos do adversário.
Lisca enfrentou problemas pelo jeito explosivo. Barrou alguns jogadores e enfrentou um vestiário dividido na reta final da Série B.
Trabalhei na partida contra o Luverdense, pela rádio Central, e durante a ‘comemoração’ pela permanência observei Lisca comemorando de maneira isolada. Nenhum jogador acompanhou a exagerada volta olímpica após um empate pífio contra o principal concorrente na parte debaixo da tabela. Era uma tentativa de se promover diante dos torcedores para incentivar uma renovação.
A reportagem do Só Dérbi ouviu o diretor Rodrigo Pastana, do Paraná, um dos alvos de Lisca na coletiva após o jogo. Pastana expôs que o treinador gaúcho enfrentou problemas de vestiário não só em Curitiba, mas também em outras equipes. Era uma versão dos lados.
Procurei alguns funcionários do Guarani que vivenciaram o período de Lisca. Recebi que ele não era unanimidade não só entre os jogadores, mas também entre os diretores.
Lisca pediu publicamente a renovação de contrato com o Guarani e o presidente Palmeron prometeu ponderar até a partida contra o Internacional. E a escolha foi acertada, na minha opinião.
Sem agradar nos números, desempenho e, principalmente, no ambiente, o único caminho foi agradecer pelos trabalhos realizados por Lisca e seguir um caminho distinto do treinador.
Agora, depois de dois meses, uma nova demissão na vida de Lisca.
Contratado pelo Criciúma, não conseguiu controlar o vestiário e não obteve os resultados esperados após quatro rodadas. A diretoria do Guarani evitou uma enorme dor de cabeça. É possível constatar que a decisão foi correta.
(análise de Júlio Nascimento/foto: Gabriel Ferrari-GuaraniPress)