Análise: Ponte Preta e Guarani com calendário cheio e bilheteria de terceira divisão regional. Até quando?

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A reflexão surge em instantes dispares. Por vezes quando a gente menos espera. O futebol é o palco ideal. Pegue como exemplo o confronto entre o Noroeste, atual líder da fase classificatória da Série A3 do Campeonato Paulista, contra o União Barbarense. Confronto realizado em uma quarta-feira à noite, às 20h, período em que muitos focam seus preparativos para os jogos a serem transmitidos à noite pela televisão.

A sedução midiática foi insuficiente para demover os 2.751 torcedores que compareceram ao Estádio Alfredo Castilho e presenciaram a vitória por 1 a 0 sobre o Leão da 13.

Gire a mente, abrace a tormenta da vida e pergunte sem pudor: o que um jogo de terceira divisão tem relação com Guarani e Ponte Preta? Tudo.

Na semana passada, a Ponte Preta, com calendário definido até dezembro, integrante do Paulistão, da Série B e participante do Copa do Brasil encarou o Santos com torcida única no Majestoso. Público registrado: 3.032 pagantes. No domingo anterior, a mesma Macaca recebeu o Linense e não arrastou mais de 2.996 pagantes. Dois jogos com públicos próximos ao que foi registrado em Bauru.

O Guarani tem posição privilegiada neste muro da vergonha.

As vitórias contra Nacional e Água Santa no Brinco de Ouro proporcionaram cinco gols anotados, nenhum gol tomado e a recuperação na Série A2 do Paulistão. O Alviverde, incorporado na luta pra voltar a divisão de elite, não tem do que reclamar quanto ao calendário. Só vai paralisar as atividades em novembro. Pois o borderô registrou 2.684 pagantes nos 90 minutos iniciais e outros 2.436 na sexta-feira passada.

Traduzindo: inferior ao líder da terceirona.

Crises políticas e financeiras, montagem de times modestos ou resultados desanimadores são insuficientes para explicar o vexame protagonizado pelas duas equipes. O que fazer?

Poderíamos tecer diversas teorias, mas é fato que por serem entidades sem fins lucrativos e gerados a partir de sentimentos coletivos, tanto Ponte Preta como Guarani viveram seus tempos de glórias quando estiveram integrados à comunidade da cidade. Encarar inimigos poderosos no Século 21 colaborou para piorar o estado de coisas.

Na atualidade, todas as pesquisas de opinião apontam o Corinthians como o detentor da maior torcida da cidade, sem contar o contingente expressivo de Palmeiras e São Paulo na Região Metropolitana. Verifique a concorrência dos clubes europeus e perceba o fanatismo dos garotos por ídolos que nunca verá pessoalmente. Eles ganham aliados poderosos: os dirigentes locais, incapazes de serem criativos na formulação de estratégias que firmem um vínculo que fique imune às intempéries do gramado.

Como isso não é feito, só resta lamentar ver o futebol de campinas contar com uma preferência de arquibancada semelhante ao líder da terceirona. É para chorar!

(análise feita por Elias Aredes Junior/foto: Rafael Fernandes-GuaraniPress)