Em entrevista à rádio Central, presidente da Ponte Preta fala sobre construção da Arena, respalda Gustavo Bueno e admite ajustes financeiros

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O presidente da Ponte Preta, José Armando Abdalla Junior, concedeu uma longa entrevista à rádio Central nesta quarta-feira. O bate-papo durou 30 minutos e o mandatário da Macaca falou sobre diversos assuntos, principalmente a respeito do rumo do departamento de futebol diante da dificuldade financeira da equipe.

Estão dando liberdade para o senhor ser presidente na Ponte Preta?
Pode ter certeza que estamos trabalhando efetivamente como presidente da Ponte Preta. Todos os departamentos estão alinhados e funcionando. Como torcedor de arquibancada toda semana eu penso que a ficha ainda não caiu, mas eu sei separar os cargos e quero continuar contribuindo com o clube.

Você já está totalmente inteirado no clube?
Eu sou pontepretano, fui conselheiro e estou apto praticamente para trabalhar com todos os departamentos. Sempre acompanhei o clube de perto. Talvez ainda tenha algo que eu não tinha visto in loco, mas tenho noção do funcionamento sobre tudo na Ponte Preta.

O que o senhor acha do distanciamento do torcedor com o clube?
Nós estamos ciente disto e estamos fazendo uma série de ações para reaproximar o torcedor. Fizemos a promoção das garrafas para os próximos jogos e estaremos alinhando com a Federação novas ações para levar o torcedor ao campo.

Aprovou a atuação do goleiro Ivan na classificação da Ponte Preta na Copa do Brasil?
Estou muito feliz pela atuação do Ivan. Ele tem o perfil da Ponte Preta e a nossa confiança. Eu fui goleiro (da Ponte) há muito tempo, muito remotamente, treinado por Cilinho e tenho um orgulho grande.

O presidente achou justa a distribuição de cotas na Série B?
Não. A Ponte se alinhou com os clubes que queriam uma divisão de meritocracia baseada na performance do ano passado conforme o posicionamento, mas infelizmente fomos vencidos pelos clubes que votaram pela distribuição igual. Eu não vejo como justo, tem um ar de imoralidade, mas acho que cada um tem que trabalhar dentro das suas condições e fazer jus a sua remuneração. Acabamos sendo prejudicados em torno de R$ 1,5 milhão, mas vamos trabalhar com tranquilidade.

Havia preocupação de receber o Dérbi sem a presença da torcida?
Era a nossa primeira preocupação em relação à Série B. Temos o período a cumprir pela penalidade do STJD. Serão seis jogos e em função disso, com efeito do Dérbi, poderíamos realizar o clássico no domínio da Ponte sem torcida e estávamos preocupados. Fizemos uma solicitação à CBF para que o Dérbi no Majestoso fosse no segundo turno.

Como manter Gustavo Bueno mesmo com tanta rejeição?
Eu entendo que há uma resistência quanto ao nome de Gustavo Bueno, mas isso pode acontecer com qualquer outro profissional no clube. Apoiamos o Gustavo, inclusive, em contrato e nossa ideia é de mantê-lo.

E terá enxugamento da folha salarial?
Sim, existirá um enxugamento no orçamento administrativo, mas não podemos diminuir o salário de nenhum jogador. Queremos controlar as despesas futuras para atingir uma economia de 30% do que gastamos atualmente. Mas garanto que todos os empregados serão respeitados.

Como o senhor enxergou o desligamento de Aranha e Rodrigo?
A situação dos atletas foi conduzida pelo nosso Departamento de Futebol, em especial Ronaldão, e eu soube sobre tudo em tempo real. Tivemos um respeito muito grande aos dois atletas. Mesmo com tantos problemas, precisamos jogar friamente e propomos um acordo, ao meu ver muito interessante, mas daí criou-se uma polêmica, principalmente sobre Aranha. Na questão do Rodrigo, as negociações foram tocadas pelo Departamento Jurídico e iniciadas pela antiga gestão. Não houve nenhuma sinalização do atleta ou de seus representantes e optamos pela rescisão unilateral. Posso garantir que fizemos tudo de forma legítima e com respeito a característica de cada um.

O elenco da Ponte Preta terá condições de acesso na Série B?
Como é de conhecimento público, não tínhamos elenco no começo da gestão, pois mais da metade do gripo saiu e sofremos com críticas. Não tínhamos time nem para a primeira rodada. Continuaremos com a opção de utilizar jogadores da base que tem o perfil da instituição e que serão apoiados por atortas de maior envergadura. Claro que faremos um balanço depois do Paulistão e analisaremos as condições para buscar e agregar peças à equipe. A torcida pode ficar tranquila que as alterações serão positivas para a Série B.

E quanto ao projeto da Arena da Ponte?
Eu tenho um parceiro em vista, mas não podemos anunciar. Estamos desenvolvendo este projeto e teremos novidades.

(texto e reportagem: Júlio Nascimento)