Ele entrou em campo com a camisa do Guarani em mais de 300 oportunidades. Tem 89 gols marcados. Desempenhos memoráveis como a semifinal da terceirona nacional de 2016, quando foi o maestro da goleada por 6 a 0 sobre o ABC. Merece as homenagens. Entrou dignamente para a história. Mas a verdade precisa ser dita: pela primeira vez nos últimos quatro anos uma equipe bugrina é competitiva sem depender de Fumagalli.
Pode dar errado? O Guarani tem risco de morrer na praia? Lógico que tem. Mas não dá para escantear a maneira sábia e correta que Umberto Louzer conduziu o relacionamento com Fumagalli. Cordato, limpo, transparente, sem enfeites, ganhou um auxiliar técnico de presente. Gestão de grupo na veia.
A metodologia agora com Fumagalli exibe como o jogador de 40 anos foi utilizado no papel de escudo para muitas vezes involuntariamente esconder trabalhos mal conduzidos tanto nos gabinetes como nos vestiários.
O time perdeu? Chama Fumagalli para dar entrevista coletiva. Não há jogada ensaiada? Na bola parada o camisa 10 resolve. Torcida ficou decepcionada com a eliminação na terceirona? Renova o contrato de Fumagalli que as reclamações cessam.
Homem digno, paí de família e exemplo no vestiário, o veterano jogador foi utilizado por cartolas e técnicos para camuflarem sua incompetência. O único que escapa do julgamento rigoroso é Marcelo Chamusca, que balanceou as necessidades do time para explorá-lo de maneira correta.
Não, Fumagalli não é desprezado na atualidade. Pelo contrário. Recebe a deferência dos companheiros, da comissão técnica e prepara-se para exercer nova função após pendurar as chuteiras. E que ele aprenda uma lição como gestor: utilize o melhor do seu time para buscar vitórias e nunca para escamotear a incompetência de quem vive engravatado e com pose.
(análise feita por Elias Aredes Junior)