Sensibilidade e visão de futuro: os craques ausentes no Guarani

1
1.299 views

Todo radicalismo gera problema. Todo extremismo é porta de entrada para consequencias desagradáveis. O Guarani  desafiou a lógica ao dispensar quase todo o elenco que disputou a Série A-2 do Campeonato Paulista. O interesse é permanecer com o volante João Paulo, o lateral-esquerdo Denis Neves, o volante Lenon e o armador Fumagalli.

Claro, existem questões internas que não são divulgadas ao distinto público. Conflitos de vestiário que geram sequelas imprevisíveis na relação entre jogador e clube. Só que é inegável que na decisão abrupta faltaram dois requisitos: sensibilidade e visão de futuro.

No primeiro quesito é bom que se diga: o futebol ainda trata jogadores como robôs e não como seres humanos, pessoas dignas que merecem tratamento por vezes diferenciado.Em determinadas ocasiões, um jogador não joga e cria confusão no vestiário e em outras oportunidades o jogador muda de atitude a partir do comando alterado.

Dou um exemplo a partir do próprio Guarani: por volta de 2010, sob o comando de Vadão, o zagueiro Neto era execrado no Guarani. Apresentava um futebol de baixa qualidade e ficou designado como zagueiro limitado, mesmo com a defesa feita pelo treinador. Eis que em 2012 Oswaldo Alvarez reassume o comando e promete ao zagueiro que lhe colocaria em forma. Neto fez uma dupla impecável com Domingos e decolou na carreira. Quem pode garantir que o Guarani não descartou um jogador com potencial de crescimento para a Série C? Marcelo Chamusca não conseguiria extrair nada dos atletas dispensados? Pois é.

A limpeza geral demonstra ainda falta de perspectiva de médio e longo prazo. O Guarani pode trocar o time todo e subir para a Série B? Pode. Tem condições de armar um competitivo mesmo com um tempo de preparação de aproximadamente 44 dias? Sim, é possível. Aliás, no futebol tudo é possível.

Só que a história mostra que a Série C é apenas uma extensão de um campeonato regional bem feito ou de uma base construída de modo sólido. No ano passado, os promovidos foram Vila Nova (GO), Londrina, Tupi e Brasil de Pelotas. Desses quatro eleitos, dois ostentam trabalhos de longo prazo. O time paranaense é comandado há cinco temporadas por Cláudio Tencati enquanto que Rogério Zimmermman é ocupante contumaz do banco de reservas em Pelotas. Se eles fazem tal procedimento, por que o Guarani não faz? Simples: o time campineiro ainda acredita em magia. Pode dar certo. Mas é quase uma loteria. Por enquanto, o bilhete premiado não apareceu.

(análise feita por Elias Aredes Junior- Foto de Rodrigo Villalba-Memory Press)