Felipe Moreira é filho de Marco Aurélio Moreira. Gustavo Bueno é o herdeiro de Oscar Salles Bueno Filho, o Dicá. Eduardo Baptista é a continuação da dinastia de Nelsinho Baptista. Todos eles representam ex-atletas ou treinadores que passaram de modo marcante na Ponte Preta. Gustavo, Eduardo e Felipe, de modo direto ou indireto estão com a missão de viabilizar um time competitivo no Campeonato Brasileiro e que seja capaz de produzir uma campanha que, além de fugir do rebaixamento, permita o sonho de vôos mais altos.
O torcedor da Ponte Preta comemora. Gosta de que “filhos da casa” cuidem de cômodos tão preciosos. Não gosta ou tem resistência com forasteiros. Ocimar Bolicenho passou uma temporada, fracassou e caiu no esquecimento. Outros ex-jogadores também passaram por cargos diretivos na Macaca e falharam. Não foram condenados. Pelo contrário. Receberam uma confortante anistia. Em nome daquilo que foi feito no passado.
Se isso traz o aspecto positivo da identificação, por outro transforma-se no principal obstáculo para o crescimento definitivo da Ponte Preta.
Um clube de futebol é formado a partir da conjunção e conexão de diversas experiências, sejam elas administrativas ou esportivas.É a capacidade de integrar tais perfis é que mostrará o caminho do sucesso. O torcedor da Macaca nem percebe, mas os três últimos treinadores exitosos na Ponte Preta não nutria qualquer ligação com o clube antes de sentar no banco de reservas.
Gilson Kleina vinha de uma boa campanha no Duque de Caxias antes de obter o acesso à divisão de elite em 2011 e a participação na semifinal do Paulistão; Guto Ferreira era um profissional com belo currículo em categorias de base e com bom trabalho no Mogi Mirim antes de vir para a Alvinegra e assegurar a permanência no Brasileirão de 2012, quebrar recordes no Paulistão de 2013 e carimbar a volta a primeira divisão nacional em 2014.
O que dizer então de Jorginho, guindado ao cargo de técnico e finalista da Copa Sul-Americana de 2013?
Apesar dos resultados tão cristalinos, o torcedor pontepretano continue resistente a troca de experiência com gente a priori sem ligação sentimental com a Ponte Preta. Talvez sintoma da própria cidade de Campinas que, apesar de rica e cosmopolitana, ainda guarda traços de provincianismo que atrapalham o seu desenvolvimento pleno. A Macaca não é uma ilha. Queira ou não recebe a interferência do ambiente ao redor.
O trio pode dar certo? Sim, tem boas chances. Isso não quer dizer que devemos ignorar a necessidade da Ponte Preta fincar as raízes em Campinas mas abrir a sua mente e coração para o mundo.
(análise feita por Elias Aredes Junior)