Nos últimos dias, a equipe deste Só Dérbi deparou-se com a reação em relação aos artigos opinativos relativos ao Guarani. Existiu quase uma avalanche de bugrinos para ler, refletir e opinar sobre os temas. Que na realidade foram dois: o orgulho de ostentar a camisa bugrina pelas ruas e sugestões para a torcida incentivar os seus jogadores nas partidas com portão fechado diante do Guaratinguetá e Macaé.
Pense que tal comoção é gerada por torcedores que amargaram nove rebaixamentos em 14 anos. Em situação normal era caso para extinção ou irrelevância. Nada disso. O Guarani, apesar das decepções no gramado não joga ou atua sozinho. Tem uma torcida que cobra, incentiva, exige a redenção e é apaixonada.
Muitos estão afastados? É verdade. Basta uma centelha, uma esperança que o retorno é imediato. Prova disso aconteceu em 2012, quando 13 mil bugrinos compareceram no primeiro jogo da final contra o Santos pelo Campeonato Paulista e realizado no Estádio do Morumbi. O que move esta torcida? O que provoca esta força que á primeira vista parece inexplicável? Tenho uma teoria que dividirei em tópicos. A saber:
Redes Sociais: para o Guarani, transformaram-se em tábua de salvação. Seja no Facebook, Twiiter, Instagram ou Whatsapp, estes espaços se transformaram em fóruns de discussão, denúncia e uma maneira para nunca deixar o tema Guarani morrer. Guarani jogou? É assunto. O Alviverde não entrou em campo? Fale-se do mesmo jeito. É uma forma adotada para nunca o esquecimento aparecer pelos lados do Brinco de Ouro.
Falta de transmissões pela TV: O Guarani disputa a Série A-2 do Paulistão e a Série C do Brasileirão. Tem alguns jogos transmitidos, mas nunca no volume do Paulistão ou das Séries A e B do Brasileirão. Na parte inicial da temporada, confrontos contra o Juventus, Rio Branco e Penapolense, por exemplo, não receberam atenção de nenhuma emissora. Qual a saída? Acompanhar o time, realizar caravanas pelo interior, comparecer ao Estádio Brinco de Ouro e em último caso acompanhar pela sua estação preferida de rádio. Resultado: a torcida continua próxima e enfática na cobrança por melhorias.
Disputa pelo poder: Em 1999,Beto Zini saiu e foi sucedido por José Luis Lourencetti. Após sete anos, o empresário foi substituído por Leonel Martins de Oliveira. Cinco anos foram suficientes o experiente dirigente cair e aparecer Marcelo Mingone como ocupante cadeira, logo depois repassada para Álvaro Negrão, substituído pelo atual titular Horley Senna.
Se tal rotatividade viabiliza cenas constrangedoras ao torcedor comum, também é verdade que tal interesse de homens ávidos pelo posto máximo demonstra que o Guarani ainda tem perspectiva e pode voltar aos bons tempos. Só se deseja aquilo que pode trazer frutos. O Guarani não é diferente.
Categorias de base ativa: Léo Citadini, João Vittor, Amoroso, Renato, Boschilla, Elano, Bruno Mendes, Xandão…Perceba que o quadro financeiro caótico bugrino não impede a revelação de jogadores. Indiretamente isto incentiva o torcedor a acreditar em um novo tempo. Que uma nova safra acima do padrão poderá aparecer e detonar um novo período de glórias e vitórias. Os atletas também devem acreditar em tal preceito se levarmos em conta que a estrutura oferecida pelo Guarani é aquém daquilo que existe nos gigantes do futebol paulista.
Imprensa crítica e independente gera defesa entusiasmada do torcedor: Existem veículos de comunicação com profissionais corretos, independentes e com espirito crítico. Quando abraçam o jornalismo esportivo são obrigados a tecer comentários e análises que muitas vezes contrariam o torcedor.
Imagine quando a acidez é dirigida a uma equipe com grave quadro financeiro, longe das principais divisões do Brasil e com rebaixamentos e derrotas acumuladas. Apesar de derrubado, o torcedor defende o seu símbolo, a sua bandeira até as últimas consequências. O jornalista sabe que cumpre sua função e até faz bem ao clube: não deixa o torcedor abraçar o marasmo e o conformismo, passo inicial para o fim.
Rivalidade com a Ponte Preta: O Guarani pensa na Ponte Preta. E vice-versa. Mesmo distantes e em divisões diferentes. Tal rivalidade é o combustível que move o Alviverde. Quer ficar de pé e nutrir a esperança de reencontrar o adversário para retomar a batalha anterior. A busca é incessante. Não tem hora para parar. Aliás, tem. Quando encontrar-se na mesma divisão da Ponte Preta.
(análise feita por Elias Aredes Junior)