Sobre o valor do ingresso e o perfil do torcedor da Macaca

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“A gente quer a torcida no Estádio. A gente valoriza a importância das arquibancadas. A gente vai construir uma Arena de 1º mundo. A gente gosta de jogar com “casa cheia. A gente não tem dinheiro para R$ 100 no ingresso. A gente quer preço popular. A gente acha que é mais torcedor do que o outro quando a gente é sócio torcedor, o outro não.”

Na Ponte Preta, é inegável o abismo entre as expressões “a gente quer” e “ a gente faz”. Começamos com “casa cheia”. Querem mesmo o torcedor no Moisés Lucarelli? Mas com preço de ingresso, para a estreia do time em Campinas, diante do Palmeiras, pelo Brasileiro, a R$ 100 (inteira)? Imaginem um pai (ou mãe) com um filho que pague meia: R$ 150. Em tempos de crise econômica é difícil pensar que não fará falta. Ainda mais diante das opções de acompanhar pela TV. Ou pela internet.

Mas a gente vai construir uma Arena de primeiro mundo. Ótimo. Porém hoje a estrutura não justifica o preço do ingresso. E não me venham como “amor ao time”. O clube não pode explorar o amor de seu torcedor. E tem outro ponto, fundamental. Antes de determinar o preço do ingresso – seja o clube, a federação, a confederação e quem mais for responsável por isso – deveriam seguir uma das mais básicas regras do marketing: partir da definição de seu público alvo.

O Corinthians, por exemplo, pode se gabar de ter uma média de público de  34.149 pagantes com preço médio de R$ 60 (dados de 2015). O perfil do torcedor do clube atende ao mercado. Ótimo. Mas funciona para Ponte? Não. Nem para o Avaí, por exemplo. Nem para o Figueirense. Dois clubes com perfis de torcida semelhantes ao da Ponte. A Macaca, ano passado, teve média de 6281 torcedores por jogo, com valor de ingresso médio de R$ 28,00. Figueirense e Avaí apostaram em um preço médio de R$ 20 e conquistaram respectivamente uma média de público de 8696  e 8477.

O caminho está aí. Os números mostram quanto o torcedor pode pagar.

O torcedor pontepretano quer preço popular. Mas alguns acham que é mais torcedor aquele que é sócio-torcedor. A discussão sai da esfera do “valor do ingresso” e vai para a bobagem do “quem torce mais”.

Nas redes sociais, por sinal, a polêmica sobre o valor do ingresso é antiga. Muitos defenderão o clube com argumentos como: mais tem uma geral com ingresso de R$ 40 (inteira)  e 20 (meia). Tem sim, junto das organizadas, e atrás do gol. É uma opção para o bolso, mas que muitas vezes sacrifica o coração.

Quem quiser ainda pode aderir ao Torcedor Camisa 10, pagar uma mensalidade, e ter direito a todos os jogos em casa no mês. Sabemos, entretanto, que muitos não podem assumir o compromisso mensal. E ainda que pudessem, para alcançar um “novo consumidor” é necessário que, antes de associar-se ele tome gosto. E dificilmente isso ocorrera com ingressos a R$ 100.

(artigo escrito por Adriana Giachini)