Existem dois estilos de treinadores. O primeiro tem tamanho apego as suas convicções que é capaz de criar um mundo paralelo e ignora os defeitos e obstáculos. O segundo estilo tem a adesão do técnico bugrino Marcelo Chamusca. Sabe o que deseja, celebra evolução e conquistas, mas não esquece dos problemas vistos em 90 minutos.
Seria muito fácil para Marcelo Chamusca ignorar os fatos negativos e instaurar um clima ufanista após a vitória sobre o Juventude. Faturou três pontos fora de casa e contra um adversário que neste ano foi vice-campeão gaúcho e eliminou um integrante da Série A (Coritiba) na Copa do Brasil.Com a manutenção da base o favoritismo seria natural.
Nada disso. Na entrevista coletiva Marcelo Chamusca admitiu que existe muita coisa a ser melhorada e aprimorada. Ele não está errado. Não há como ignorar a irregularidade do meio-campo bugrino, especialmente na cabeça de área.
O segundo tempo de Auremir, por exemplo foi quase perfeito no aspecto defensivo, mas a tarefa de um camisa cinco na atualidade é exibir bom índice de acerto de passe e capacidade para surpreender no campo de ataque. Como Evandro não encheu os olhos contra Guaratinguetá e Tombense, não é delírio imaginar que Zé Antônio será guindado a titularidade tão logo fique liberado.
No setor de criação, o armador Fumagalli, apesar de vital nas bolas paradas, não tem o ritmo necessário para empreender a intensidade pedida no futebol atual. Resultado: a sua colocação quase como segundo atacante ao lado de Pipico. Na prática, o Guarani perde um jogador com a obrigação de recompor e participar da marcação.Um quadro ainda mais agravado devido a irregularidade de Edinho e Deivid. Por cinco minutos fazem jogadas mirabolantes; em outros cinco minutos ou somem da partida ou não colaboram da maneira devida.
Por que a casa não caiu? Simples: o Guarani conta hoje com uma dupla de zaga segura e sem firulas. Não aprecio o futebol de Leandro Amaro, mas não brigo com os fatos. Tem sido importante na marcação pelos lados do campo e sua jogada aérea é eficiente. Quanto à Ferreira, não só pelo gol contra o Juventude, dá para cravar: é atleta com nível para jogar, no mínimo, em times intermediários da Série B do Campeonato Brasileiro.
A importância da dupla de zaga ganha projeção se verificarmos as constantes falhas de marcação de Dênis Neves. Ótimo para apoiar o ataque, o jogador tem sido alvo dos oponentes. Por que? Sua recomposição não é satisfatória com a perda da posse de bola.
São pontos que podem e devem ser acertados nas próximas rodadas. Algo, no entanto, é para se comemorar: o Guarani conta com um treinador que uma postura otimista, mas com os dois pés fincados no chão. Não é pouco.
(análise feita por Elias Aredes Junior)