O Brasileiro tem um erro: não tem memória. Não valoriza seus ídolos. É seletivo. Pegue o exemplo do ex-goleiro Sérgio Neri. Integrado ao Guarani a partir de 1982, o arqueiro foi um dos protagonistas de um segundo período dourado no Alviverde, iniciado no Paulistão de 1985 e finalizado com a perda do Paulistão de 1988.
A falta de zelo dos dirigentes do Guarani fizeram com que injustiças fossem cometidas com Sérgio Neri.
Era um ótimo goleiro. Ágil, capaz de boas defesas e discreto como manda a cartilha goleiro. Foi treinado por Dimas, talvez o melhor preparador de goleiros da história do futebol do interior paulista e que sempre conduzia o seu pupilo ao limite.
Na campanha do Brasileirão de 1986, impossível esquecer o seu desempenho na semifinal contra o Atlético Mineiro. Foi fundamental para segurar o empate por 0 a 0 no Mineirão e assegurar a vitória por 2 a 1 no Brinco e a classificação à decisão.
Sérgio Neri viveu instantes amargos, como o rebaixamento no Brasileirão de 1989 ou o empate por 1 a 1 com o Sport no ano seguinte e que impediu o acesso.
Foi seu último momento como titular. No ano seguinte, Marcos Garça foi promovido por Pepe e graças a ele chegou a divisão de elite.
Sérgio Neri, por sua vez, esteve no Bahia, Botafogo de Ribeirão Preto e ficou longe de exibir o futebol de excelência da época do Guarani.
Não por culpa dele. Nada disso. É que atuar no Brinco de Ouro era como se estivesse em casa. O Guarani era sua família. E por ela entregou sangue, suor e lágrimas.
Construiu uma referência de goleiro eficiente e competente e esquecido pelas novas gerações.
O Conselho de Administração do Guarani tem o dever de resgatar o legado e contar aos mais jovens a história de alguém que dedicou-se de corpo e alma ao clube. E com qualidade. É hora da retribuição.
(análise feita por Elias Aredes Junior)