Mitos, lendas e verdades sobre Dênis Neves, o novo ídolo acidental do Guarani

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Virou esporte popular enaltecer o lateral-esquerdo Dênis Neves no Guarani. Designado por parte da torcida e da imprensa como o salvador da pátria e detentor de um futebol capaz de levar o Alviverde a  vitórias e ao acesso, o atleta de 26 anos goza de um certo privilégio que bem pouco tempo seria impensável. Analisar a sua trajetória no Guarani explica em parte como o futebol é caprichoso e especialista em criar heróis erráticos.

Vamos aos números. Não é estranho incensar um jogador com 27 partidas disputadas pelo bugre e com apenas um gol marcado? Vou repetir: aquele que é considerado vice-craque do Guarani, abaixo apenas de Fumagalli, balançou as redes uma única vez. Mais: seu fã clube foi formado a partir de uma gambiarra. Sim, Denis Neves é lateral-esquerdo de ofício. Tem bom apoio e claras deficiências na marcação. Só que virou solução ao ser improvisado como integrante do meio-campo.

No confronto diante do Guaratinguetá, o empate parecia algo consumado quando o Marcelo Chamusca acionou o jogador para atuar como meio-campista a partir dos 31 minutos do segundo tempo. Como o gol de Renato Henrique saiu aos 36 minutos do segundo tempo, todos os elogios não foram direcionados ao técnico e nem ao autor do gol e sim para Denis Neves, que teria alterado o quadro diante de um oponente fraco e preocupado com o rebaixamento.

O expediente foi repetido na vitória sobre o Tombense, quando o lateral foi acionado a partir dos 20 minutos da etapa final.

A história também pode ser editada. Dênis Neves entrou no jogo contra o Juventude e queiramos ou não foi decisivo. Tanto que recebeu nota cinco deste site Só Dérbi.

Então por que Denis Neves virou o craque da vez? O que levou as arquibancadas a considerarem o então controverso lateral-esquerdo como a solução de tudo?

O ponto inicial tem relação com carência. Se Leandro Amaro e Ferreira são incontestáveis na zaga, também é verdade que não há ninguém capaz de mobilizar os corações quando o assunto é bola na rede. Pipico é autor de três gols e encontra resistência para cativar o torcedor. Fumagalli alterna bons e maus momentos devido as debilidades físicas decorrentes da idade e mesmo assim é o artilheiro da equipe com cinco gols. O artilheiro da Série C é Daniel, do Tombense, com 8 gols.

Outras contratações realizadas ainda não renderam em potência máxima e viabilizaram a abertura para a idolatria em torno de Dênis Neves. Exemplo disso é Marcinho, fundamental na conquista do vice-campeonato na mesma Série C em 2008 e que agora mostra-se aliado da irregularidade.

Então, antes de pedir e exigir a entrada de Dênis Neves seja honesto consigo mesmo e admita: o jogador só virou solução porque você não viu outra saída. 

(análise feita por Elias Aredes Junior)