Sobre Ponte Preta, Eduardo Baptista e os rumos do jornalismo esportivo no Brasil

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Na segunda feira (29) o técnico pontepretano Eduardo Baptista esteve presente na bancada do “Bem Amigos”. Convidado do programa de debates de maior prestígio da emissora líder no segmento esportivo, minha expectativa é que fosse dissecado o seu trabalho na Ponte Preta e que produziu  um sétimo lugar com 34 pontos.

Na parte inicial da conversa, confesso que parecia que assistia a uma viagem no tempo. Todo o foco ficou direcionado em sua passagem no Fluminense, em que foi demitido no começo do ano. Relacionamento com Fred, erros da diretoria, jogos vitoriosos e frustrantes…um portifólio poucas vezes visto na televisão. Só tinha um porém: Eduardo Baptista sentava ali por causa de sua performance na Ponte Preta e não pelo tricolor carioca. Lógico, depois a Ponte Preta foi abordada, mas que o Fluminense ganhou destaque desmedido, disso não tenho dúvida.

Pode parecer incrível, mas não recrimino os profissionais que ali estão. Eles apenas são orientados a reproduzir um conceito distorcido e equivocado propagado no futebol brasileiro e até dentro da própria imprensa: mire-se no time e não no Campeonato.

Nos Estados Unidos, pouco importa para a imprensa quem estará na decisão da NBA, NFL ou da NHL. O foco é promover o campeonato, seus personagens e histórias. Um time pequeno chegar a final? Melhor ainda, pois abre-se a chance de retratar a saga daqueles que derrubaram diversos Golias. E o público responde com audiência, porque o foco antes de qualquer coisa é o esporte enquanto formador do cárater humano e talhado a formar heróis e vilões.

No Brasil, o torcedor é individualista. Só quer saber do seu time. Ou do principal rival. E só. Não entende o esporte como entretenimento e sim como trincheira de guerra ou até como afirmação individual. Consequência: jogos de Corinthians e Flamengo transmitidos aos borbotões, noticiário esportivo focado nos 12 gigantes e pequenos e médios colocados na masmorra, o que se traduz em menor quantia de verba e falta de força para formular times competitivos.

Quando algo sai fora do rumo é como se uma peça estivesse desarranjada. Para a cúpula do futebol, o sétimo lugar da Macaca é um incomôdo. E quando algo lhe incomoda o que você faz? Muda de assunto. Eduardo Baptista sentiu tal fenômeno na prática. No fundo, no fundo, ele sabe que a mudança é dificil é inglória. Tenhamos fé.

(análise feita por Elias Aredes Junior)