Vanderlei Luxemburgo no Guarani? Não, obrigado!

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Sei que o titulo é forte. Admito a possibilidade de quebrar a cara no futuro. Pode ser que sua contratação represente uma revolução e uma mudança de parâmetro. Mas pelos elementos que tenho em mãos, não tenho dúvida em questionar: querem incinerar o resto de esperança no torcedor? Contratem Vanderlei Luxemburgo como treinador.

Contar com bom relacionamento na imprensa, passado vitorioso ou marketing involuntário são argumentos pueris que não servem para justificar a contratação do veterano treinador. Jornalista lida com fatos e estes são contrários ao técnico. O desejo de contar com o profissional foi confessada pelo presidente bugrino Palmeron Mendes Filho, retratada em matéria do Globo Esporte.

Uma prova cabal de ausência de sintonia sobre as características e necessidades do clube. “É um nome que me agrada, conhece o campeonato e já trabalhou aqui [Luxemburgo dirigiu o Guarani em 1991]. Dependeria muito da vontade dele, mas, se ele se encantar com o projeto, pode dar certo” disse o presidente Palmeron Mendes Filho ao repórter Murilo Borges. Típica declaração que combina muito mais com o titulo do filme “Terra em Transe”, de Glauber Rocha do que com um dirigente de futebol.

Em primeiro lugar, os resultados. Mesmo quando teve quando teve uma boa estrutura a disposição nos últimos anos, Luxemburgo fracassou. Seus últimos títulos expressivos foram o Campeonato Carioca de 2011 e o Campeonato Pernambucano de 2017.

No restante desta década, só colecionou dissabores em Flamengo, Fluminense, Cruzeiro, Grêmio e Sport. Veja que citei camisas com estrutura e orçamento melhores que o Guarani. Sério que vocês consideram que o técnico poderá triunfar em um clube ainda em dificuldades financeiras, com estrutura deficitária e que atuou pelo segundo ano na Série B e excluído da divisão de elite desde 2010? Não podem falar sério.

Sei que Luxemburgo agrada aos amantes da velha escola de futebol. Tenho um aviso: o mundo mudou. Os jogadores idem. Aquele tempo de treinadores com pulmões fortes, pronto para espinafrar jogadores no vestiário está no passado. Hoje, o empresário é uma figura importante no relacionamento com o clube, assim como o executivo de futebol. São mimados? Imaturos? Concordo. Mas este é o quadro atual. E Luxemburgo já provou que não conseguiu adaptar-se ao cenário.

Motivação é atributo que não pode ser desprezado. Vanderlei Luxemburgo está com 66 anos. Dirigiu os principais clubes do Brasil, contabiliza cinco títulos brasileiros (dois pelo Palmeiras e um por Corinthians, Santos e Cruzeiro), comandou a Seleção Brasileira e esteve no Real Madrid. Ou seja, esteve no topo. Qual a motivação para dirigir o Guarani? Campeão Brasileiro de 1978? Pode ser. Só que é um clube esfacelado em sua infraestrutura, dotado de parcos recursos financeiros e envolvido em uma guerra política fraticida. Nem a presença de um terceirizado para comandar o departamento de futebol amenizaria a situação? As reclamações de Luxemburgo seriam diárias, a toda hora e momento.

O que os dirigentes do Guarani precisam admitir é simples: de que não entendem de futebol e tampouco do Guarani. Abram espaço para quem entende do assunto para contratar o perfil adequado: um treinador jovem, com vontade de vencer, que saiba trabalhar no cenário da adversidade. Com todo o respeito, Luxemburgo não é essa pessoa.

(análise feita por Elias Aredes Junior)