Guarani: antes, era péssimo. Agora tem dinheiro à disposição. E querem cogestão. Dá para entender?

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O processo da escolha do novo controlador de futebol profissional do Guarani é comédia de erros sem fim. Cada lado enfileira os números que deseja e que de certa forma avaliza o seu ponto de vista. Normal. É uma guerra e as armas estão colocadas a mesa. Interessante é observar como Roberto Graziano e Nenê Zini são vendidos como a última salvação da lavoura. Não há saída senão por eles.

O que todo mundo esquece é que as soluções são adotadas ao sabor dos ventos. Quando assumiu o poder em 2014 o então presidente Horley Senna propagava que a única saída era vender o Brinco de Ouro para Roberto Graziano e com o patrocínio e o VGV haveria condição de sobrevivência e montagem de times fortes.

Por que? As dividas trabalhistas serão pagas, o novo controlador construiria um estádio, Centro de Treinamento e Sede Social e o patrocínio de R$ 350 mil mensais seria a porta para sustentar minimamente o clube.

Não sou eu que digo.

Eram palavras que saiam da boca de Horley Senna. Detalhe: Palmeron Mendes Filho na época era integrante e presidente do Conselho Fiscal. Mais do que qualquer outra pessoa ele deveria saber das condições financeiras do Guarani. E se estivesse em quadro calamitoso, deveria ter sido o primeiro (o primeiro!) a propor a terceirização como tábua de salvação. Ficou em silencio e se falou algo ninguém ouviu.

Mais um adendo: quando Horley Senna vendeu tal solução, o Guarani estava na Série C do Campeonato Brasileiro, na Série A-2 do Campeonato Paulista e estava excluído da Copa do Brasil. Ou seja, quer conjuntura mais favorável para propor de imediato a adoção da terceirização ou da cogestão no futebol? Pois é. E ninguém falou nada.

Veio no acesso na Série C em 2016, o título e o acesso na Série A-2 e a manutenção na Série B por dois anos seguintes. Tem diminuição das dividas trabalhistas e já se sabe antecipadamente que, mesmo com bloqueios judiciais, terá R$ 16 milhões para administrar o clube e o departamento de futebol. Como que mesmo com o maior orçamento da história o Guarani necessita de cogestão? Porque adotar Nenê como herói? Qual o motivo para abraçar Roberto Graziano como o Messias prometido? Digamos que os sócios recusem a terceirização e Fumagalli e Marcus Vinicius consigam os objetivos do ano mesmo com os R$ 16 milhões? Com que cara vão ficar os defensores tanto de um lado como de outro?

A verdade é que a discussão de cogestão esconde algo mais profundo: o medo, o pavor de assumir responsabilidades e viabilizar a competência como ativo presente ativo no Brinco de Ouro e com capacidade de andar com as próprias pernas. Fora disso, é apenas torcida organizada. De um lado ou de outro.

(análise feita por Elias Aredes Junior)