Ponte Preta: para onde estamos indo, a que tempo e na companhia de quem? Por Pedro Maciel Neto

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De alma lavada com a vitória contra o Mirassol faço algumas considerações, sempre com respeito às opiniões diferentes e em homenagem ao necessário debate.

Causou alguma surpresa requerimento que apresentei à Mesa do Conselho Deliberativo da Ponte Preta, solicitando cópia dos diversos planos de trabalho que toda administração, pública ou privada, deve ter.

Para dissipar qualquer especulação explico as razões que motivaram a apresentação do requerimento que encaminhei à mesa, na qualidade de conselheiro eleito: 1ª – desejo que a Macaca alcance padrões necessários de profissionalismo, padrões que times modernos buscam e 2ª – desejo que o Conselho Deliberativo exija dessa, e de todas as diretorias no futuro, profissionalismo na gestão, o que, a meu juízo, exige planejamento e governança, compliance e transparência.

Por quê? Porque acredito que sem planejamento (o que inclui plano de negócios, plano de marketing e plano da diretoria de futebol, etc.) seremos como um “armazém” de bairro, sempre dependente de pessoas e não de processos, dependentes de iniciativas isoladas e dos humores e, por isso, sem possibilidade de desenvolvimento sustentável.

A cultura da improvisação levou a Ponte Preta à portas da insolvência, da qual fomos salvos por Sérgio Carnielli. Essa verdade não pode ser esquecida, como a história de abnegação de tantos outros pontepretanos.

Mas voltando ao tema.

A Ponte Preta é uma marca valiosa, Campinas, uma das maiores e mais ricas cidades do estado mais rico da federação. Nossa cidade é sede de uma região metropolitana com quase quatro milhões de pessoas, na qual estão instaladas as maiores empresas do país, possuindo um PIB enorme, por isso, creiam: OS PLANOS DE NEGÓCIOS são condição essencial à interação profissional com essas empresas e por isso indispensáveis ao progresso do nosso time.

Se não conseguimos concorrer com os “grandes” pelas injustas regras postas, especialmente no que diz respeito ao reparte das cotas de TV, temos vencê-los pela competência, criatividade e profissionalismo, muito profissionalismo.

É inadmissível a Ponte Preta não possuir tais planos ou, se possuir, não compartilha-los com o conselho e com a comunidade pontepretana.

É disso que se trata o requerimento.

Se não apresentei anteriormente o requerimento é porque hoje, após sete anos como conselheiro eleito e um ano na mesa do CD, me sinto mais seguro da minha capacidade de contribuir com tempo, trabalho e experiência.

Perdoem-me a forma de colocar as ideias, mas penso que posso contribuir, pois advogo faz 32 anos, fui secretário municipal e Campinas e Sumaré, presidente da COHAB e da Fundação José Pedro de Oliveira, e presidente dos respectivos conselhos de administração. Atualmente, sou presidente do Conselho de Administração da SANASA (empresa que fatura 1 BILHÃO por ano e que obteve 150 milhões de lucro liquido em 2018 e realiza investimentos superiores a 800 milhões de reais), considerada a melhor empresa pública de saneamento do Brasil e uma das melhores do mundo. A SANASA alcançou essa posição com PLANEJAMENTO, democracia interna e valorização dos seus profissionais.

A minha atuação no CD é independente, não tenho compromissos impublicáveis com grupos, subgrupos, situação ou oposição.

Frequento o majestoso faz 47 anos, desde os meus oito anos de idade e meu pai desde 1949, meu avô de 1930, quando chegou a Campinas, até seu falecimento em 1989 e meu bisavô Antonio Menon, nascido em Campinas ainda no século XIX, participou dos mutirões da construção do estádio, ao lado do meu avô Pedro.

Só ficará incomodado com o requerimento quem deseja que a MACACA siga na pré-história da gestão privada, mas tenho certeza que esse não é o desejo da diretoria executiva ou da esmagadora maioria dos membros do conselho, nem dos milhares e milhares de pontepretanos.

O conceito de administração representa uma governabilidade, gestão de uma empresa ou organização de forma que as atividades sejam administradas com planejamento, organização, direção, e controle. O ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de outras pessoas na busca de realizar objetivos da organização bem como de seus membros. Sem um plano de negócios, sem planejamento como definir objetivos?

É assim que penso, sob censura e pronto para ser convencido da inconveniência da iniciativa, mas não podemos viver de “improvisações”, pois o futebol tornou-se um negócio importante onde a racionalidade é fundamental, o pragmatismo irrenunciável e a existência de objetivos e metas, que possam ser conhecidas e cobradas, sem bravatas, por todos (CD, organizadas, TC-10, torcedor comum, etc.) são necessidade inadiável.

Em pergunto: sem a existência de PLANO DE NEGÓCIOS, PLANO DE MARKETING, nem PLANO PARA A DIRETORIA DE FUTEBOL, decidido DEMOCRATICAMENTE e aprovado pelo Conselho Deliberativo o que podemos efetivamente cobrar da diretoria?

Essa é a razão do requerimento e o meu objetivo pessoal é envolver o maior numero de conselheiros nessa ideia, ouvir todos no CD, em grupos de trabalho e grupos voluntários, pois só tem medo de debate e requerimentos quem tem algo a esconder. Não é o meu caso e tenho certeza que não há nenhum pontepretano verdadeiro que não sonhe com a ampliação dos espaços de interação, dentro de arranjo institucional que respeite experiência e juventude, que considere a paixão que nos move, mas que tenha como fundamento o profissionalismo e com ele: governança, compliance e transparência.

Desejo o debate fraterno, desejo “brigar”, fazer as pazes, chorar com e pelo nosso time (de alegria de preferência), “cornetar”, elogiar, criticar, etc., mas com um PLANO DE TRABALHO, para que saibamos para onde estamos indo, a que tempo e na companhia de quem.

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Artigo de autoria de Pedro Benedito Maciel Neto, pontepretano.