O técnico Mazola Junior balança. Uma vitória em cinco jogos. Com 12 rodadas no total. A sua permanência no cargo está a perigo. Muito. Se ficar para o confronto contra o São Paulo a vitória não será suficiente. Terá que demonstrar um desempenho espetacular, capaz de calar as vozes das arquibancadas e das redes sociais.
Por princípio, sou contra troca de técnico no meio da competição. O natural seria o treinador terminar o seu trabalho no Paulistão e ficar submetido a avaliação da cúpula.
Só que vislumbro a dificuldade em defender o trabalho de Mazola Júnior diante da ausência de uma metodologia clara de jogo. Uma estratégia capaz de retirar todo o potencial do elenco.
Tudo isso é verdade. Não tiro a razão do torcedor.
Só um aspecto é ignorado: a falta de rumo no próprio departamento de futebol da Ponte Preta. Não é só a ausência de diretor de futebol estatutário. O que falta é filosofia, uma ideia de futebol. Marcelo Barbarotti? Se a Alvinegra fosse uma cozinha ele é, no máximo, o cara que compra os ingredientes. Jamais será o chef principal.
Algumas perguntas podem e devem ser feitas: como os dirigentes querem que a Ponte Preta jogue? Tomando iniciativa? No contra-ataque? Com força física ou uma equipe mais de toque?
Nos últimos anos, a Ponte Preta só triunfou quando terceirizou filosofia. Os titulares jogavam da maneira que queriam Gilson Kleina em 2017, Guto Ferreira em 2014, Jorginho na Sul-Americana…Mas nunca da maneira definida pela instituição. Se o Atlético Paranaense é bem sucedido no futebol brasileiro é porque sempre teve uma direção. Suas equipes apresentavam volume de jogo, marcação alta e atletas com alto poder de conclusão. Foi assim com Geninho quando foi campeão brasileiro em 2001 e foi agora com Thiago Nunes na conquista da Sul-Americana.
Hoje, a Macaca não tem nada. Tanto pode ser contratado um técnico veterano como um estudioso; ou um ofensivo como um retranqueiro. Duro é constatar a falta de perspectiva histórica de quem está na direção do clube.
Nas décadas de 1970 e 1980, a Macaca tinha um esquema forjado no contra-ataque, mas capaz de controlar a bola em instantes critica, tudo isso definido por primeiramente por Peri Chaib e mantido Aldemir Perin, este último dirigente pontepretano exitoso em 1981, quando a Ponte Preta chegou a final do Paulistão, foi terceiro lugar no Brasileirão e ainda faturou a Copa São Paulo.
No início da gestão Carnielli, podíamos torcer o nariz (as vezes com razão!), por causa do excesso de volantes, do defensivismo apaixonado e da obsessão pelo contra-ataque. Mas era uma maneira de jogar. Tudo isso definido por Marco Antonio Eberlim e cumprido a risca por Vadão, Marco Aurélio, Estevam Soares e até por Abel Braga em 2003.
Nos anos de 2011 a 2013, se Márcio Della Volpe não tinha o conhecido de futebol para definir uma forma de jogo, pelo menos tinha o perfil do profissional desejado: jovem, estudioso, conhecedor do futebol e capaz de extrair bom potencial dos atletas. Foi assim com Gilson Kleina e Guto Ferreira. Em 2013, após contratar Carpegiani, a filosofia para o brejo. Desde então, a Alvinegra vive de lampejos, espasmos, mas sem uma política contínua de filosofia e conceito de futebol.
Podem até demitir Mazola Junior e contratar Pepe Guardiola. Sem a diretoria saber o que pretendem do time que entrará no gramado, a Macaca continuará indo a lugar nenhum. Infelizmente.
(análise feita por Elias Aredes Junior)