De cara eu digo: José Armando Abdalla decepciona dentro da presidência da Ponte Preta. Trocou vários vezes de treinador, cometeu erros de gestão na condução do futebol, emite sinais dúbios na construção de suas alianças políticas e falha por não declarar de vez por todas uma ruptura clara com o grupo político de Sérgio Carnielli. Agora, existe um ponto que me incomoda. Muito. Por que os formadores de opinião de Campinas não foram tão cruéis quando Sérgio Carnielli e Vanderlei Pereira estavam na presidência da Ponte Preta? Por que poupamos os dois e condenamos a “prisão perpetua” política uma pessoa que está na presidência há menos de dois anos? Repito: Abdalla merece as criticas recebidas. Mas a atitude atual só exacerba o quanto fomos negligentes com a análise das gestões de Carnielli e em grau menor com Vanderlei Pereira.
As pessoas deveriam lembrar-se que a Ponte Preta foi rebaixada à Serie B nacional uma vez com Carnielli no comando em 2006 e com Pereira em 2017.Por que não foram eleitos os vilões dessas ocasiões? Não devemos fugir da raia. Devemos assumir os nossos erros. O que dissemos nas duas vezes? Que o futebol é cruel, existe disparidade de renda, não dá para acertar sempre e que Carnielli entrou para a história por salvar a Ponte Preta, etc, etc, etc. O que dizer então de Vanderlei Pereira que caiu para a Segunda divisão em 2017 e com orçamento de R$ 70 milhões?…Muitos formadores de opinião (jornalistas, torcedores influentes) insistiram em dar à Vanderlei o elogio de melhor dirigente da história da Ponte Preta. Quem cai não pode ser elevado ao olimpo. Simples assim. Lembre-se de Della Volpe rebaixado em 2013 e o massacre na opinião pública e compare com a preservação desfrutada por Carnielli e Pereira em seus fracassos.
Carnielli foi poupado porque outros foram levados a cruz. Durante todo o tempo, tudo de ruim que acontecia no futebol da Ponte Preta ou era culpa de Marco Antonio Eberlim, que comandou o departamento de 1997 a 2006. Depois, Márcio Della Volpe ficava com a culpa nas costas. Carnielli? Esse era preservado por todos e até por parte da torcida. Motivo: ele era o super herói que de posse de uma arma poderosa – dinheiro- salvou a mocinha do pior.
Esse instinto de endeusamento só criou celeumas. Pode ter anestesiado o torcedor por um instante e omitido todos os culpados pelos males ocorridos, mas em longo prazo fez com que tivéssemos noção rasa do tamanho dos problemas causados por administrações personalistas e sem cuidado de formar novas lideranças.
Abdalla tem grandes chances de ser um presidente opaco na história pontepretana. Deve ser reconhecido por obras pequenas ou por uma postura trapalhona. Não ignoro que sua trajetória seria mais facilitada se a Ponte Preta não tivesse criado involuntariamente dirigentes endeusados como totens de ouro mas que infelizmente não passam de ídolos de barro.
(Análise de autoria de Elias Aredes Junior)